Jazigo Eterno.

Cada segundo, minuto

Ou cada hora que passa,

Cada dia mês ou ano

Eu vivo acuando a caça,

Estando comigo a vida

A morte faz ameaça.

E se eu tiver a destreza

De passar despercebido,

Escondendo-me da morte

Mas não serei esquecido,

Vivo estando serei morto

Da vida serei banido.

E já no seio da terra

Bem pouco serei lembrado,

Se deixei bens em proveito

O que fiz será louvado,

Se passar em brancas nuvens

Serei amaldiçoado.

Vão dizer que nada fiz

Que o meu viver foi em vão,

Nada deixei de proveito

Para os que vivos estão,

Levo apenas meu saber

Pra sete palmos de chão.

E dai ficam sabendo

Que é sem retorno essa ida,

Que os que ficam continuam

Com as dores dessa lida,

Nos atropelos da estrada

E nas amarguras da vida.

E mesmo sem sentir nada

Terão cuidado comigo,

Porque da vida pra morte

A morte é o maior castigo,

E o pranto ali derramado

São flores pro meu jazigo.

Qualquer canto agora é bom

Porque em breve serei pó,

Se estou levando alguém

Ou se estou partindo só,

Eu não preciso de guia

Nem que de mim tenham dó.

Se a cova é funda ou se é rasa

Que diferença isso faz?

Se vão queimar os meus restos

Isso não me importa mais,

Não sou mais dono de mim

Deixem-me partir em paz.

A vida não existe mais

Ali onde agora estou;

Não ouvirei mais gemidos

No lugar pra onde vou,

E as noites serão eternas

Porque a vida se acabou.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 25/11/2017
Código do texto: T6181809
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