Nordeste minha nação
O Nordeste é minha nação
Aqui nasci e fui criado
Aprendi as vezes de malgrado
O que é ser nordestino
O Nordeste é uma nação
A gente não tem campeão
Temos vencedores
um povo trabalhador
que vence as dores
da terra
que não é valorizado
que vive fazendo mandado
pra sustentar esse país
Mas o Brasil
não valoriza o nordestino
Faz desse povo esquecido
capacho de gente nobre
Povo esquecido e pobre
Mas rico em valor
Porém além de sofredor
Não valorizam o Nordeste
Este povo cabra da peste
Que DEUS abençoou
Deus ao fazer o Brasil
Fez também um santuário
Pra juntar a nossa gente
Um povo forte e valente
O Nordeste é de beleza
Onde toda a natureza resolveu se encontrar
Onde Cabral viu a terra
E Caminha as serras que resolveu recitar
Outrossim não obstante
Toda história tem um instante
Que se deve envergonhar
Nesta vizinhança
Plantou-se a ganância
E toda exuberância
De tinta sangue se pintou
No lugar de toda beleza
Um engenho se formou
Pra mudar essa terra
De serra a serra
De ponta mar
Temos que plantar justiça
Colher razão
Capinar a ganância
E arrancar a enganação
Então há de chover conhecimento
Nos solos de imaginação
Terra de gente que vive de teima
No solo que queima
No céu sem nuvens
De seca danada
Das panelas esvaziadas
Pela fome
E no corpo o cansaço
de batalhar
Pra aplacar a dor
Tenho estado preocupado
O sono tem me faltado
É falta da minha terra
Do canto dos pássaros
Lá em cima na serra
Que sorte a nossa
que a pele grossa
Serve de Escudo
e proteção
Pra batalhar, vencer o mau!
Tu que nos acolhe
Também nos castiga
Nos dá uma difícil vida
Difícil de suportar
Muitos já vi parti
Pra nunca mais retornar
Chão de terra rachada
Gente que vive da teima
Que enfrente de testa a seca
Seu pior inimigo
Quis o destino as nuvens afastar
E sobra o olhar de engano
Panelas esvaziadas
Casas abandonadas
Até a chuva voltar
Terra abençoada
Pouca chuva, mas muito talento
Deus fez aqui um lugar
Pra guardar literatura
Infestar de cultura
Que se vê em qualquer lugar
Terra de Gonçalves Dias
Arnaldo e Alencar
Do grande Rui Barbosa
De poesia feita em prosa
Terra de João Cabral
De Bráulio e de Patativa O FENOMENAL!
Pode até faltar chuva
Mas cultura igual a nossa
Não tem outra igual!
Quem dera Nordeste
olhassem o teu mapa
Vissem que tua forma é metade de um coração
Onde cabe uma miscigenação
De um povo aperreado
Uma grande civilização!
Mas o coração do nordestino
É tão pequenino
Ele sofre e padece
E ainda vem esta seca
Filha duma peste
Agravar nosso sofrer
Mas ergamos aos céus nossa prece
Até o último dia que reste
Manteremos a esperança
Mesmo vendo minha vizinhança
Cada vez diminuir
O povo sumindo daqui
Pra ser capacho do tal ‘novo’
Sorte de quem consegue
Quem não consegue passa sufoco
Mas falta ao Nordeste coragem
E ao povo lealdade
De defender o seu lugar
Batalhar pra conquistar
Melhorias
Vencer a Mais-Valia
A região que nos constrói
Está sendo destruída
De todas formas de vida
Esta vem sendo a pior
Aqui é meu lugar
Minha nação
Onde nasci e fui criado
Posso ser pobre e até iletrado
Mas mesmo que a seca me expulse
Que uma chance melhor me puxe
Pra fora daqui
Eu partirei Nordeste
Com o coração apertado
Eu sairei de ti
Mas tu sempre estarás ao meu lado
SANTOS, Allan
Laje 24 de novembro de 2017