O SONHO
Por Gecílio Souza
Metafórica decolagem
Que exprime a realidade
O pensamento em viagem
Pelas asas da liberdade
Sem ingresso nem passagem
Segue em pontualidade
Com altivez e coragem
No ritimo da velocidade
Carregando na bagagem
O conteúdo da saudade
Que expressa a mensagem
Desperta da intimidade
O coração tem linguagem
De plena sensibilidade
A mente faz a contagem
Do tempo e da vontade
Vai construindo a imagem
Da festiva receptividade
Presente é uma homenagem
Com toda sinceridade
Compensa-se a defasagem
Testa a potencialidade
A mais digna homenagem
Nos marcos da capacidade
O amor é sem porcentagem
Não se ama pela metade
Há sofrimento e vantagem
Expectativa e ansiedade
Tão exuberante paisagem
É a sua personalidade
O homem vira selvagem
Se lhe falta a afetividade
A solidão não tem margem
O afeto é civilidade
Éros fará a blindagem
Da alma que chega e invade
Coração é a carceragem
Uma cadeia sem grade
Amor é atividade
Não se ama por sacanagem
Paixão é passividade
O valor da abordagem
É a própria reciprocidade
Juntos nesta carroagem
Sob o véu da cumplicidade
A vida seria uma bobagem
Sem sonhos e sem vaidade
A existencial estiagem
É a humana debilidade
Amar é a prendizagem
Na escola da autenticidade
À distância, uma discagem
Sem conter a curiosidade
Um recado, uma postagem
Vislumbra-se a proximidade
Tremendo até cartilagem
A chegada é sem alarde
Pronto para a aterrissagem
Da nobre finalidade
Sonho ou mental filmagem
Em alta rotatividade
O amor é uma sondagem
Em busca da felicidade
União não é uma colagem
É a força da alteridade.