PRESIDENTES ou Viva a Monarquia!
Cordel de Pedro Galuchi ------------------------------------------------------------------
PRESIDENTES
Tudo a seu tempo e lugar
É necessário explicar
Havia um sonho, enfim
Governo meio impopular
Que tal um modelo novo
Na pobreza por um fim
Melhorar a vida do povo
Republicanos a tramar
Se o Reino era português
Príncipe consorte... um francês
Coronéis tomam a decisão
Chega de um só mandar
O país só tem uma solução
A monarquia acabar
Artimanhas sem cessar
Chegara a hora de decretar
O fim do período Imperial
Dizia-se no Rio de Janeiro
Que o motivo verdadeiro
Faltarem convites pra entrar
No baile da Ilha Fiscal
República proclamada
Pedro partiu sem passaporte
Brazil nasceu sem sorte
Não ficou melhor é nada
Não se faça de inocente
Veio esse tal de presidente
E perdemos o nosso Norte
Não se perde por esperar
Nem pensar em votar
Primeiro golpe militar
Instaram-se na capital
Um par de Marechal
Dupla de alagoano
O Deodoro e o Floriano
Cinco anos de marechais
Eleito o paulista Morais
Orgulho piracicabano
De nascença era ituano
Revoltas e tempos bicudos
Mortes no sertão baiano
Nas batalhas de Canudos
Campos Sales foi eleito
Afastou do poder os militares
País seguia mal das pernas
Crescente dívida externa
Papel moeda foi aos ares
Arrepiou nossos cabelos
Ao criar taxa de selos
De Guará, Rodrigues traz
Uns tempinhos de paz
Para varíola uma vacina
O que é bom, logo termina
De novo eleito, doença fugaz
Gripe Espanhola pegou forte
Antes da posse veio a morte
Vamos de café com leite
Quem sabe a situação se ajeite
Primeiro Mineiro em cena
Monarquista Afonso Pena
Sem governar por inteiro
Carioca Peçanha mulato
Completa o seu mandato
Hermes, gaúcho militar
De Deodoro era parente
Entre Chibata e revoluções
Nos Estados intervenções
Como tudo pode piorar
Uma de suas decisões
Estado de sitio novamente
Num mundo distante da paz
Assume Wenceslau Braz
Promulgou Código Civil
Colocou “esse” em Brazil
E nada do país mudar
Ainda governa um pouco
Delfim, taxado de louco
Ao Palácio sobe Epitácio
Alguns planos em vista
O paraibano bom jurista
Descobre muito breve
Que a vida não seria fácil
Seja anarquista ou socialista
Todo dia havia uma greve
Semana da Arte Moderna
Volta da família imperial
Nasce Partido Comunista
Porém, como era natural
Teve revolta tenentista
18 do Forte põe na lista
Das intrigas de caserna
Artur, o que você fez?
Estado de sítio outra vez?
Bombas em São Paulo explodiu
A Coluna Prestes perseguiu
Estradas de Washington Luís
Não tiveram final feliz
E Julinho, o Catete não viu
Conspiração de Getúlio
Cavalo amarrado no Obelisco
Censura, Nove de Julho
Após revolução paulista
O “Pai dos pobres” ficou arisco
Pra evitar qualquer risco
Prendia político e artista
De “novo” batizou o Estado
Fascismo idolatrado
Daqui ninguém me tira
Só direito é retirado
Aos poucos a coisa vira
Após novo golpe militar
Dutra ocupa seu lugar
Viva a Constituição!
Democracia de volta
Presidente só com eleição
Mas que reviravolta!
Quem é que reaparece
Getúlio e por que não?
O país tem o que merece
Suicídio cometido
Foi por muitos sucedido
Nereu, Café, Carlos Luz.
Ao Catete se conduz
Mineirinho, bom menino
O Bossa Nova Juscelino
A cigana lera o seu destino
Rapaz de boa família
Pelo povo admirado
Homem muito amoroso
De Sarah teve filha
Ai! Esses pecados
Viveu anos dourados
Com Madame Pedroso
O “País do futebol” brilha
Pelé, campeão do mundo
JK é demais... Quanta inocência!
Se olharmos bem a fundo
Tenha a santa paciência
Para construir Brasília
Quebraram a Previdência
Jânio dever-se-ia pular
De médico e louco
Todo mundo tem um pouco
Mas não precisava exagerar
Que confusão foi arrumar
Se pra governar não tinha pique
Ficasse só no alambique
Traz ou não o Jango da China?
A custo a querela termina
Apesar do trabalho social
Zé Povinho é sempre igual
No discurso da Central
Plateia aplaudia e vibrava
Era quando Tereza acenava
Militar de novo, não!
Redentora? A Revolução?
Sem pescoço, Castelo Branco
Na constituição deu um tranco
Época de Atos Institucionais
Cassações, prisões e tudo mais
Seu fim na queda do avião
Costa e Silva, Garrastazu,
Geisel e seus pacotes
Dedos-duros, subalternos
A tortura se pôs a nu
Demo vibra no Inferno
Gastará cem mil chicotes
Terá trabalho eterno
“Diretas Já” saindo às praças
Gente de todas as raças
Na cabeça vestem fita
No coração levam o medo
Depois de tanta desdita
Abertura com Figueiredo
Ampla geral e irrestrita
Clima de festa, bolo à mesa
Brasil desperta assustado
De repente, uma surpresa
Aconteceu algo de errado
No dia da posse, bem cedo
Noticia meio em segredo
Adoeceu, à noite, o Tancredo
Seguindo as ordens da lei
Aguenta povo! Lá vem Sarney
Traz coronéis do velho clã
Carestia, dispara a inflação
Dinheiro ganho de manhã,
De noite não pagava o pão
Esperança? A nova eleição
Por que sempre dá errado
Surge Collor descamisado
Alagoano de mentirinha
Desgraça parece infinda
Um corrupto de carteirinha
Orgias na casa da Dinda
PC leva grana em malinha
No poder de novo um vice
Uns tempinhos de Itamar
Quem é que foi que disse
Que ele queria governar?
Na maior cara de pau
Queria era pular o carnaval
De bom... o Plano Real
Falou Fernando Henrique:
O Brasil tem solução
A ordem é privatizar
Preciso da reeleição
Denúncias de trambique
Para o Congresso deixar
Mais quatro anos governar
Lula, em seu afã de poder
Valeu tudo de mais sinistro
Encheu o país de ministro
Inimigos tratou de lamber
Desvio de verbas, corrupção
Cuecas cheias, mensalão
O Brasil nunca terá solução
Organizada a grande quadrilha
O “Puro homem” gerou uma filha
Meu português não aguenta
Queria ser “a presidenta”
Entre propinas pra camarilha
Confissões de descontentes
Quebram ovos de serpentes
Quanta sujeira apareceu
Muito não precisou procurar
Foi você, não fui eu
Começaram a se delatar
Cada enxadada uma minhoca
Sabem o que aconteceu?
Idolatrou-se a mandioca
Rezou pela mesma cartilha
De Lullinha Peace and love
Bajulou ditadores, estocou vento,
Ao trabalhador só o desalento
Dinheiro sumindo de pilha
Como um e noventa e nove
Brasil falido foi seu rebento
Apesar do governo ruim
Sempre tem quem goste
Pela vontade do povo
Elegeram Dilma de novo
Que cercada de preboste
Ia dividindo o butim
Lá de cima do poste
Pedalou o quanto podia
Povo voltando à avenida
Panelaços e gritaria
Tchau, querida, tchau!
Deram-na por impedida
Na hora da despedida:
É golpe! Que fiz de mal?
Golpe ou não fique o dilema
Uma bela curiosidade
No meio de tanta lama
Brotou Marcela, primeira dama
Dilma tem um problema
Morar em que localidade:
Porto Alegre ou Ipanema?
Após mais de centenário
Volta ao palácio um paulista
Esperança nova à vista
Teremos emprego e salário
Observando melhor o lodaçal
Mudam as moscas, o resto é igual
A eles riqueza, ao povo calvário
Reuniões noturnas no Jaburu
Rasgam a carne em delações
Parece coisa do Belzebu!
Cada dia aumenta a lista
Em malas surgem milhões
Poderosos em quadrilhões
Negociatas a perder de vista
Republicanos tinham planos
Democráticos para o povo
Quase nada ocorreu de novo
Cerca de cinquenta anos
De estado de sítio ou ditadura
Risco que sempre perdura
Pois o poder é mal sem cura
Nas ideias da hora de deitar
Esquecidas na manhã do dia
Às vezes, fazem-me pensar
Vêm imagens cheias de ironia
Como é que o Brasil seria
Se a história pudesse voltar
D.Pedro no Palácio a reinar
No Império a gente sabia
O que esperar do Imperador
Hoje em dia há certo temor
Aguardando sempre o pior
Pareça insanidade, mania
Acho que seria bem melhor
Se voltasse a monarquia
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