A FILOSOFIA E A POESIA
Por Gecílio Souza
Ser filósofo e poeta
É tudo o que eu queria
Mas está longe tal meta
Que de mim se distancia
Assim sendo só me resta
Frequentar a livraria
Manter a cabeça aberta
Para amar a sabedoria
Cada texto é uma fresta
Por onde a mente espia
A realidade encoberta
Com o manto da fantasia
Se a intuição se desperta
Me sento na escrivania
As ideias fazem a festa
E busco uma sincronia
Escrevo frase incompleta
Quando o corpo se enfastia
Do raciocínio que acerreta
Reflexão profunda e fria
Pois o pensar desconcerta
O conforto que se cria
Aquela felicidade funesta
Que é uma efêmera alegria
O corpo reage e protesta
Exige prazer e regalia
Mas a razão que interpreta
A biológica rebeldia
Controla a fadiga e veta
A instintiva ousadia
Então o juizo se acerta
E se põe em sintonia
Com a lógica que deleta
A opinião estéril e vazia
A aprendizagem correta
Desestabiliza e desafia
O status quo que vegeta
Manipula e anestesia
Com a educação indigesta
As mentes que ele desvia
É mais cômodo ser pateta
E viver de nostalgia
A ser aquele que aperta
O botão da desarmonia
A racionalidade completa
Gera crise e distopia
O filósofo é como um atleta
Numa longa travessia
Andando de bicicleta
Sem bagagem e companhia
Sua atividade predileta
É pedalar todo dia
Estrada íngreme e deserta
Irregular e escorregadia
O prazer se manifesta
Em cada passo que lhe guia
Minha alma se inquieta
Meu espírito se angustia
Diante do que afeta
O ser e sua autonomia
Duplo é o saber que liberta
Filosofia e poesia