A IDIOTIZAÇÃO
Por Gecílio Souza
Este mundo necessita
Em caráter de urgência
De bom senso e tolerância
Do saber e da inteligência
Um banho de eticidade
Para recuperar a decência
Questionar a civilização
Se impõe como premência
Não é racional que os conflitos
Impossibilitem a convivência
Onde há subjetividades
É normal a divergência
A linguagem e a comunicação
Proporcionam a convergência
Conviver é uma arte
Que implica competência
Processo desafiador
Exige diálogo e paciência
Celebrar um novo pacto
Com a máxima abrangência
Formular outro Eatado
Fundado na transparência
Em que cada ser humano
Na liberdade de consciência
Possa dizer SIM ou NÃO
Sem a pressão da carência
Eis que a base do contrato
Não é adesão, é aderência
O progresso social
Não rima com leniência
Sem dúvidas que a política
É também uma ciência
Se aplicada ao bem comum
Dissuade a opulência
Uma sociedade educada
Evolui com consistência
Onde a ética, a lei e os costumes
Guardam certa equivalência
O valor humano avança
Com incontestável eficiência
O próprio homem transpõe
Qualquer gargalo ou pendência
É irrazoável se invocar
A divina interferência
Nos destinos da política
Por absoluta impertinência
As mazelas do convívio
Resultam da deficiência
Do modelo de sociedade
Que ignora a anuência
Da vontade majoritária
Resta ao Estado a incumbência
De formalizar o consenso
Para o contrato ter vigência
Quando contrato é forjado
No vazio ou na ausência
Da participação popular
Por desânimo ou inapetência
Nasce sem legitimidade
Não serve de referência
Potencializa o crime
Conduz o Estado à falência
O ideal é que as pessoas
Se aperfeiçoem na essência
Numa sociedade volúvel
Supervaloriza-se a aparência
As diferenças e as crises
Não se breca com a violência
A força insana do Estado
Produz a pior consequência
Ao invés de dissuadir
Estimula a reicidência
Há de se punir o criminoso
Sem ódio e sem complacência
Pena proporcional à culpa
Deixando-se em evidência
Um princípio universal
Da presunção de inocência
Violado tal princípio
Estabelece-se a negligência
De quem interpreta a lei
Por suposta sapiência
A privação da liberdade
Só pode ter consistência
Quando não há controvérsias
Que invalidem a diligência
A punição só reabilita
Se aplicada com clemência
A punição deveria ser
Uma pedagógica penitência
Porém fumenta e estimula
A criminalidade em sequência
A cultura da vingança
É a prova da decadência
Da civilização maniqueísta
Se afogando na incoerência
Os apelativos religiosos
Se inscrevem na concorrência
Aviltam os “códigos sagrados”
Sem a menor reverência
Operadores da religião
Restringindo a docência
Os auto-ungidos “santos”
Sofrem de alguma demência
Os débeis doutores da lei
Que exigem continência
Detêem títulos e nada mais
Pois lhes falta competência
Os tais títulos que ostentam
Carecem de conferência
Abastados que têm tudo
Inclusive a condescendência
Com os conchavos espúrios
Mas com ódio e virulência
Selecionam os desafetos
Sem a legal ocorrência
Somente a filosofia
Eu a trato de excelência