PEIDO ETERNO EM PRINCESA

PEIDO ETERNO EM PRINCESA

Olavo Bilaka

I

Do Alto da Cascavel,

Por detrás de uma encosta

Que fica perto do rancho

Da finada Maria Costa,

Se espalhou pela cidade

Um cheiro forte de bosta.

II

Me contou compadre Piga

Que a bosta se espalhou

Pela Rua do Cruzeiro

E aos poucos caminhou

Da Rua Nova à Rua Grande

E foi parar no “matador”.

III

Desceu a Rua da Avenida,

Subiu a Rua da Cadeia,

Passou no Jardim Carlota

(Lá a coisa ficou feia),

Parou na Rua da Gaveta,

Onde o catimbó “vadeia”.

IV

Fez a curva em Anastácio,

Seguiu na Rua do Cancão,

Lourenço pegou uma faca,

Disse: “Eu mato esse cagão!”;

Raminho olhava um relógio,

Desmaiou, caiu no chão.

V

São Roque, Rua da Lagoa,

Pixilinga e Gavião,

Laje, Maia e Macambira,

Lá na Lagoa de São João

Misturou-se com a farinha

O cheiro do cagaião.

VI

Deu um vento muito forte

Pras bandas de Cachoeira,

Foi bem na hora do almoço

Quando veio a bagaceira,

A dona da casa disse:

- Esse aí partiu as “beira”.

VII

Dionísio Fogueteiro

Preparava um foguetão,

O fedor entrou na venta:

- Eita inhaca do Cão,

Esssa pólvora está passada

Ou contratei um bufão!

VIII

O que chamou atenção

De uma equipe da Marinha,

Que viajou a Princesa

Em leito primeira linha,

Foi o que o odor terrível

Cheirava a cu de galinha.

IX

Quando tomava uma lapada

De cachaça com tutano,

O pesquisador ouviu

Da boca de um fulano

Que foi um peido que deram

Na pousada de Delano.

X

Um ex-prefeito jogava

Uma partida de baralho,

Levantou a perna longa

Que nem precisou atalho,

A cueca se lascou,

Não ficou nem o retalho.

XI

Saiu do boga uma mistura

De farofa de tatu,

Pescoço e pé de galinha,

Mocotó, fava e angu,

Buchada de bode velho

E uma garrafa de Pitu.

XII

Na hora que ele peidou,

Um homem estava cantando

A penosa Galopeira,

Com o cheiro ficou arfando,

Revirou três vezes o olho,

Caiu duro estrebuchando.

XIII

O padre dizia na missa

Quem morre volta ser pó.

Quando o fedor invadiu,

Ele só fez gritar: “Oh!,

Os fieis são muito unidos,

Quando peidam é de uma vez só!”.

XIV

Já querem patentear

De Mergulhão uma proposta

De engarrafar os peidos,

Porque tem gente que gosta,

E vender para o governo

Pra fazer bomba de bosta.

Olavo Bilaka
Enviado por Miguezim de Princesa em 26/10/2017
Código do texto: T6154167
Classificação de conteúdo: seguro