O TEMPO
Por Gecílio Souza
O tempo é o senhor de tudo
O trono do mundo é seu
Todas as coisas se envelhecem
Só ele não se envelheceu
Quem contra o tempo lutou
Dramaticamente pereceu
A imponente juventude
Na velhice se encolheu
Quem jogou sorriso fora
Já chorou e padeceu
Foi ele quem presidiu
Tudo que já aconteceu
Sob o governo do tempo
A esperança apareceu
Os quatro cantos do globo
Ciosa ela percorreu
Distribuindo o otimismo
Que em desânimo se converteu
O tempo devora os filhos
Que ele próprio concebeu
Na antiga mitologia grega
O nome cronos recebeu
Já na mitolgia romana
Saturno se equivaleu
À versão grega de cronos
Que a cultura de então creu
O tempo é o grande necrotério
Ou uma espécie de museu
Onde tudo é recolhido
Pois o tempo prescreveu
O seu juízo é implacável
Ninguém ele absolveu
Quem ousou ludibriá-lo
Para a sua chibata correu
O cabelo que era preto
Caiu ou se embranqueceu
A pele bela e lisinha
Com rugas se enrijeceu
A visão límpida e longa
Turvou e se escureceu
O que era duro e firme
Se tornou mole e desceu
O forte e inabalável
De repente se enfraqueceu
Quem esbanjava lucidez
Do passado se esqueceu
Eis que o império do tempo
Desde sempre prevaleceu
A sua régua não distingue
Mulçumano de judeu
Cristão ou pagão, tanto faz
Crente, descrente ou ateu
A duração do passado
Ninguém jamais descreveu
A maior vítima do tempo
É quem muito tempo perdeu
Quando se lembrou do tempo
A vida desapareceu
Quem desperdiçou o tempo
Um dia se arrependeu
O amor intenso e sincero
Que o amante prometeu
Diluiu-se no espaço
Foi breve, se desvaneceu
Tudo o que há sob o sol
Alcança um breve apogeu
O tempo é incorruptível
E jamais se interrompeu
Foi tão somente o tempo
Que os problemas resolveu
Foi ele que fez existirem
Nas bandas do mar Egeu
Sócrates, Platão e Aristóteles
Que o saber os estabeleceu
Agostinho e Tomás de Aquino
Einstein, Newton e Galileu
Graças a essas inteligências
A ciência floresceu
Para provar que o tempo
Move o que sempre moveu
Somos súditos do tempo
Se algum não se convenceu
Dê uma olhada no espelho
Veja como amanheceu
Compare os detalhes do rosto
Com o dia que antecedeu
E ouça a voz do tempo
Dizendo “tudo sou eu”!