Tributo a Dona Geusinha
No dia 18 de outubro de 2017, Dona Geusinha (Era assim que ela era conhecida pela maioria) deu o seu último suspiro. Foi uma guerreira como a maioria das mulheres. Gerou 07 filhos (um já falecido - um menino): 03 mulheres e 04 homens. Era uma pernambucana que pulava cedo para cuidar da sua casa e filhos. "Dura na queda" na maneira de criar os filhos. Mas deixou um legado moral incrível. Enquanto filho deixo aqui o meu tributo à esta pequena grande mulher:
Em meio ao grande Sertão,
Do Nordeste brasileiro,
Nasce uma pernambucana,
De um pai muito ordeiro.
Em meio a tantas meninas,
E de tão tórrido clima
Cresce em um clima festeiro.
Mas uma seca medonha,
Lhe tangeu de lá pra cá,
Vindo pras terras paulistas
Mas com saudades de lá.
E nesse modo errante,
Na cidade de Mirante
Veio raízes criar.
Aqui ela conheceu
Um, também, pernambucano,
Que por aqui se instalou
Com pouco menos de um ano.
Foi um amor logo à vista,
Seu coração lhe deu pista,
Ela disse: — Eu não me engano!
No ano de 63
Em que os dois se casaram,
Seus pais, pra Grande São Paulo
Novo rumo então tomaram.
Ela e o esposo João,
Se assentaram em outro chão,
No Paraná se instalaram.
Na cidade de Inajá,
Nasceu-lhe a primeira filha,
Veio o segundo: Herrivelton
Mas Deus não quis na família.
Levou pra junto de si,
E a Dona Geovanis
Pediu um outro em vigília.
Chegou o terceiro filho,
Também este era varão;
Mas não substituiria
O seu falecido irmão.
Mas uma grande alegria
Dona Geuvanis sabia,
Que era fruto da oração.
Alternando-se os sexos,
Nasce-lhe a segunda filha
Não tem nexo, nem tem ordem,
Vai lhe aumentando a família,
Na luta do dia a dia,
Cada filho que nascia,
Era de Deus maravilha.
Ainda no Paraná,
Nasce mais uma menina,
Das mulheres a caçula,
Era sempre a mais traquina.
E na década de Setenta,
Para o Mato Grosso adentra,
Novos ares não lhe anima.
No vale do Ivinhema,
Os dois fixaram os pés,
Foi na Lagoa da Onça,
Em meio a fortes marés.
Que nasceram os dois mais novos,
E nesse frigir de ovos
Ela estava em plena fé.
Foram tantas as labutas,
Em meio à luta inglória;
Transitou por três lugares
Dentro da Gleba Vitória.
Migrou para a Ouro Verde,
E entre as quatro paredes
Sonhava com outra história.
Vieram para a cidade,
Tentando uma vida nova;
Mas o tiro disparado
Saiu pra outra alcova.
O casamento se rompe
A vida a dois interrompe
E a vida urbana reprova.
Vivendo na solidão,
Ela tentava viver;
Os filhos todos casados,
Sem ter pra onde correr.
E a degeneração
Chegou na mente, então
O Alzheimer a crescer.
Talvez Deus quisesse que
Se apagasse a memória,
Para que ela não sentisse
Os efeitos da escória.
Torna-se uma ermitã
E com a mente não sã,
Mas a ninguém nada implora.
A vida é uma retomada,
Do lugar de onde veio,
Dona Geuvanis retoma
Os seus filhos como esteios.
Aos genros e às suas noras,
Gente que não lhe ignora
Ela viveu nesse meio.
Em 18 de outubro,
Chega o fim da caminhada,
Na cidade de Ivinhema,
Vem a última respirada.
Era uma tardezinha,
E a nossa Dona Geusinha
Vai para melhor morada.
M ãe confiante em Deus,
A mor nunca lhe faltou.
R ia e fazia rir,
I nda que pouco agradou,
A ssim se fazia ouvir.
G ostava de nos contar
E stórias dramatizadas,
U ma mais doce que a outra
V ivia dando risadas
A gora em outro rincão
N ova terra, novo chão
I ntocável e entre irmãos
S orrindo em gargalhadas.