MENINO DE RUA - CORDEL
Ler eu não sabia
Contar só com os dedos
Pedi a um senhor para ler o que dizia
A Manchete do dia
E a voz sorrindo foi falando o que ouvia
Mais uma mariposa que da terra se sumia
O ciúme de Tonico era caso que dizia
Bebidas, mulheres e jogos eram todo que queria
Olhei para o jornal e vi o rosto da minha mãe
O fato muito a mim doía
Arranquei o jornal das mãos que o senhor lia
E fui antão a correr para onde não sabia
Entrei no casarão em ruínas sentei no canto escuro para chorar o que sentia
Percorri o labirinto das lembranças
Da perda de minha mãe que tão pouco eu sabia
No soluço da dor vejo a visão embasada das cenas de convivência
Ah! Se eu soubesse a falta que faz não tinha mim afastado dela.
A dor é maior quando não vê o rosto querido
A dor passa e lembranças ficam dia a dia.
Batacoto