MENDIGO
Mendigo por inclemência
Mas vivi tempos de glória
Não me julguem a aparência
Ninguém sabe a minha história
Por ninguém tenho despeito
Mereço, ao menos, respeito
Nesta vida compulsória.
Há muito foi-se a jactância
Pelas sendas da memória
Só revivo com instância
E saudade merencória
Um amor que foi desfeito
Mereço, ao menos, respeito
Nesta vida compulsória.
Aos olhos da sociedade
Consideram-me a escória
Ânsia pela liberdade
Clama ao alto por vitória
Pra na lida dar um jeito
Mereço, ao menos, respeito
Nesta vida compulsória.
Quiçá possa brevemente
Contar uma outra estória
Um resgate compungente
De Deus mudança notória
Por fora e dentro do peito
Mereço, ao menos, respeito
Nesta vida compulsória.
( expandindo a minha simples interação
ao magnífico e erudito soneto "O Mendigo"
de Ricardo Camacho, o Poeta Carioca:
http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/6128780 )
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Grato pela interação, poetisa SanCardoso:
Dessa vida compulsória
Nem abrigo, nem respeito
Cada um com sua história
Pra se viver não tem jeito
Os desmandos dessa escória
Gritam tanto batem no peito
Defendem sua pele sua Vitória
Desabrigados de sonho desfeito
Que arrumem outra estória
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