Sem entender

Vou-lhes contar uma história

Que nada tem de engraçada

De um povo muito sofrido

Que vivia a dar risada

Perguntei – me incomodado:

De onde vem tanta graça?

E percebi que a resposta

Não se encontrava em nada

Será que eles não notam

O dia a dia de desgraça?

E será que eles gostam

De rotina tão ingrata?

Confuso, então, eu sigo

Sem a questão explicada

Enxergo sem entender

Mais um tanto de risada

Num instante passageiro

Compreendi o que havia:

O povo era sofrido,

Sem cultura ou poesia.

Ele fora assim moldado

Pra não entender o que via.

E assim tudo era lindo,

Mesmo se o sangue escorria.

Quero fazer mudança

Contra essa ditadura;

A luta será difícil,

Mas a intenção é pura.

Trazer a dignidade

De quem perdeu a ternura.

E faze – los enxergar

Essa mão que os tortura:

Instigar nos corações

O quanto eles são valentes,

Que podem viver contentes,

Sozinhos ou com seus entes,

Sendo ateu ou sendo crente

O importante é a mente

Sem sucumbir minha gente,

Ao sistema ora vigente,

Que está pobre e doente!

Bruno Henrique Reis
Enviado por Bruno Henrique Reis em 08/10/2017
Reeditado em 02/05/2022
Código do texto: T6136745
Classificação de conteúdo: seguro