O nordestino

No seco chão do agreste

A faísca que sai da cova rasa

Do solo ardente em brasa

Esse bom cabra da peste

Em busca de água e fomento

Retira dali o sustento

No solo árido do nordeste

Desde ainda criança

Na vista só esperança

Com a pobreza depara

Trepado em pau de arara

Na busca de vida melhor

O nordestino prevendo o pior

Sai em busca de trabalho

Com o frescor do orvalho

Sacia a sede ardente

A dor no estômago presente

Por falta de alimentação

Em busca de água e pão

Luta do nascente ao poente

O nordestino é persistente

Não desanima com nada

De dia ou madrugada

Qualquer hora está presente

Não escolhe emprego ou hora

Na lida é rápido sem demora

Não desanima, é insistente,

Caminha léguas e léguas

Todo dia sem dá trégua

Com uma enxada na mão

Para cultivar aquele chão

Ressecado por falta d’água

Ali ele chora suas mágoas

Ao escavar, é um lamento.

Suado desprovido de vento

Procura o ar para respirar

Os pés descalços a tostar

O suor escorrendo na testa

Usando a força que lhe resta

Rasga a terra para plantar

O nordestino é de uma terra

Que o povo padece

Mas nunca esmorece

A cada dia que se encerra

Ele respira alegria

Trabalha com energia

Sempre pronto para a guerra

Na lida de muitos currais

No meio de carnaubais

Na caatinga ressecada

No fabrico da farinhada

Na plantação do roçado

Pede com os dedos postados

Para Padim padre Ciço

E também pra São Francisco

Que caia chuva no chão

No peito só devoção

Sempre com muita fé

Junto com sua mulher

De joelhos faz oração

Símbolo de garra e de luta

O nordestino é diversificado

Em todo setor do mercado

Presente está na labuta

Nos estados brasileiros

Em todo país estrangeiro

A sua presença disputa

Na construção civil

Constrói o nosso Brasil

Nos maiores projetos

Ele está sempre por perto

Dando a sua contribuição

Presente em toda ocasião

Também na arte culinária

A grande classe operária

De bares e restaurantes

É uma presença constante

Na arte e na cultura

No seio da literatura

Com seus escritos marcantes

Não troco o meu oxente

Falou então Suassuna

Abriu assim a lacuna

Pro conhecimento da gente

Pelo ok de ninguém

Traduzindo também

O seu pensar inteligente

Falar de ilustres famosos

É um tanto ardiloso

Com tamanha variedade

Grandes personalidades

Entre tantos brasileiros

Alcione e Jackson do pandeiro

Patativa e Marquês de Olinda

Dias Gomes, tem mais ainda,

Castro Alves e José de Alencar

Genival cantor popular

Ariano e Ruy Barbosa

Seu Lunga o rei da prosa

O ex presidente Itamar

Zélia Gatai e Florinda Bulcão

Raul Seixas e João Ubaldo

Chico Anysio e Cego Aderaldo

Maria Bonita com Lampião

Artur Azevedo e Divaldo Franco

Ana Neri e Castelo Branco

Humberto de Alencar e Falcão

José Wilker e Zé Limeira

João Gilberto e Manuel Bandeira

Assis Chateaubriand e Shaolin

Herbert Viana e José Lins

Floriano Peixoto e Jorge Amado

Frei Caneca e Clodoaldo

Paulo Freire e Epitácio Pessoa

Bezerra de Meneses gente boa

Gilberto Freyre e Graciliano

Aurélio Buarque sábio humano

Milton Santos e Pinto Martins

Nelson Rodrigues e Santo Padim

Marechal Deodoro senhor soberano

Sivuca e Renato Aragão

Câmara Cascudo e Adamastor

Tom Cavalcante e seu humor

João Cabral e Noca do Acordeão

José Lins e mestre Vitalino

Zé Lezin e Dominguinhos

Lourival Batista e Gonzagão

Leandro Gomes o rei do cordel

Catulo da Paixão o menestrel

Aguinaldo autor de novelas

Maguila e Oliveira de Panelas

Irmã Dulce, Elba e Zé Ramalho,

Desculpe se eu cometer algo falho

Alceu, Fagner e Geraldo Azevedo

Belchior partiu muito cedo

Reginaldo e Waldick Soriano

Com seus amores levianos

Salve todo o nosso nordeste

Nordestinos cabras da peste

Abençoados seres humanos.

Autor: Joabnascimento

Data: 08/10/17

Recanto das Letras: Joabnascimento

Blog: joaobnascimento55.blogspot.com

Twitter:@ljoaobatista

JOABNASCIMENTO
Enviado por JOABNASCIMENTO em 08/10/2017
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