O Cordel do pica-pau Luizinho

 

Acordei atordoada,

Com o barulho no quintal,

Da janela envidraçada

Eu vi logo o pica-pau.

Toc, toc, toc, toc,

Martelava sem parar,

Toc, toc, toc, toc,

Começava  me irritar.

 

Dei um assovio forte

Pra que ele fosse embora,

Mas virando para o Norte,

Recomeçou sem demora.

Gritei-lhe um nome feio

Ele só olhou pra mim,

Recomeçando com anseio

Sua busca por cumpim.

 

Gritei-lhe: HOJE É DOMINGO!

Vai batucar mais além,

Não me respeitas um pingo,

Não te respeito também.

Luizinho nessa hora,

Parou e disse zangado:

Você quer que eu páre agora,

Só pra dormir sossegado.

 

Mas eu tô muito ocupado

Procurando o que comer,

E tu aí do teu lado

Nem se importa se eu morrer.

Vou continuar furando

Você não vai me impedir,

Quero ver você bufando

Com vontade de dormir.

 

 Enquanto isto os vizinhos

Começavam se juntar,

Para ver o Luizinho

De minha cara gozar.

Peguei um velho bodoque

E mostrei pro pica-pau,

Ele fez mais toc, toc,

Fazendo cara de mau.

 

Então eu fui à cozinha

E abri a geladeira

Peguei tudo que continha

E botei numa peneira.

Peguei bolos e maçãs,

Maionese e gelatina,

A pimenta “tucanã”,

Que me deu tia Regina.

 

Enquanto isto lá fora

O forró continuava

O pica-pau barulhento

Os vizinhos conquistava.

Ofereci a peneira

Com tudo que ela continha,

Ele aceitou na carreira

E agradeceu, que gracinha!

 

Luizinho agora quer

Que eu seja sua madrinha,

E chamou sua mulher,

Para morar na cozinha.

Pois gostou do meu cardápio

De maçã com pimentinha,

Só me restou cuidar dele

E sua bela mulherzinha.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 18/08/2007
Reeditado em 18/08/2007
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