JOÃO BATISTA, SEGUNDO LUCAS E MATEUS
‘“Eu digo a vocês: entre os nascidos de mulher ninguém é maior do que João”. (Lucas, cap. 7, v. 28)
O amor a poesia,
Deu-me mais uma missão.
Mergulhando no Evangelho,
Nos ensinos do Jordão.
Descrever por entre versos,
A história de São João.
O maior entre os profetas,
Em verso, arte e cultura.
Por isso faço a junção,
De fé e literatura.
Sendo assim, humildemente,
Convido-lhes a leitura.
Estes versos que escrevo,
Tendo a Bíblia do meu lado.
Nada de novo inventei,
Em Lucas está narrado.
Em são Marcos e Mateus
Também foi anunciado.
No tempo do rei Herodes,
Um homem rico e cruel.
Habitava na Judeia,
Um sacerdote fiel.
Chamado de Zacarias,
Esposo de Isabel.
Isabel mulher estéril,
Com a idade avançada.
O casal temente a Deus,
Ao altíssimo jejuava.
Pela graça de um filho,
Há muito tempo rezava.
Zacarias servia no Templo,
Chegou a vez de ajudar.
Exercer o sacerdócio
De maneira exemplar.
Ao entrar no santuário
Surge um anjo no altar.
Zacarias ficou com medo,
Perturbado e sem ação.
Quando o anjo lhe falou:
— Deus ouviu sua oração.
Sua esposa vai ter filho,
Que deve se chamar João.
Zacarias ficou calado,
E o anjo continuou:
— Vai trazer tanta alegria,
Por que Deus o preparou.
Por ter idade avançada,
Zacarias duvidou.
Aquele anjo bradou,
Quase um pouco sisudo:
Devido a essa atitude,
E seu gesto carrancudo
Até o menino nascer,
Você há de ficar mudo.
Zacarias demorou muito,
O povo estava esperando.
Ao sair do santuário
Todos foram questionando.
Como ele estava mudo,
Em sinais, foi explicando.
Terminando seus trabalhos,
Para casa ele voltou.
E algum tempo depois,
Alegre comemorou.
Isabel ao ficar grávida,
Escondeu-se e se alegrou.
Em alguns meses depois,
A virgem Maria fiel,
Decidiu ver sua prima
E cumprir o seu papel
Fez uma viagem longa
Pra visitar Isabel.
O encontro entre as duas,
Marcou muito aquele dia.
A criança no seu ventre,
Saltou com muita alegria.
E Isabel exclamou,
Bendizendo a Maria.
Terminou a gravidez,
Nisso Isabel deu à luz.
Ao menino que seria,
O precursor de Jesus.
Sem saber que o Messias
Morreria numa cruz.
Chegando o oitavo dia,
Tinham de circuncidar.
Zacarias estava mudo,
E por não poder falar.
Ele pede uma tabuinha,
Para se comunicar.
Os vizinhos e parentes,
No dia da circuncisão.
Perguntaram qual o nome,
Zacarias com emoção.
Escreveu na tabuinha:
— O nome dele é João.
Naquele mesmo instante,
Superou suas agonias
O que o anjo tinha dito,
Veio trazer-lhe alegrias
Daí se pôs a cantar
O velhinho Zacarias.
Ficando forte de Espírito,
O menino ia crescendo.
Cedo partiu ao deserto,
E aí seguiu vivendo.
Nos caminhos do Senhor
João sempre percorrendo.
O imperador Tibério,
A Pilatos nomeou
Governador, e a palavra,
João Batista escutou.
Daí passou ensinar,
Nas cidades onde andou.
João ensinava ao povo,
Ao lado do rio Jordão.
Ali pregava um batismo,
De esperança e conversão.
Clamando arrependimento,
Para se ter o perdão.
João dizia às multidões,
Que iam se batizar.
— Raça ruim e venenosa
Eis que a ira vai chegar.
O machado já está posto,
Preparado pra cortar.
As multidões perguntavam:
— O que devemos fazer?
Nisso João respondia:
— Quem tem pão, dê de comer.
Nunca faça acusações,
A alguém sem merecer.
O Reino já está próximo,
Endireitem as suas estradas
Procurem amar a todos
As almas sejam lavadas
Quem buscar a Deus terá
Suas vidas renovadas.
João batizava com água,
Cumpria bem seus papéis:
— Vem alguém depois de mim,
Perdoar os infiéis
Nem sou digno de tirar
As sandálias dos seus pés.
São João vendo Jesus,
O exaltou fortemente
Disse que não poderia
Batizar o onipotente
Porém Jesus o pediu
E concordou prontamente.
Jesus ao sair da água,
Depois de ser batizado.
Viu que o céu se abriu,
Vindo o Espírito ao lado.
E do céu uma voz dizia:
Este é meu filho amado.
Jesus ficou por um tempo
Com são João conversando.
Depois foi para o deserto,
A missão continuando.
Sabendo previamente,
O que estava lhe esperando.
Naquele tempo, Herodes,
A região governava.
Era amante de Herodíades,
Ao irmão, não respeitava.
Conhecendo tudo isso,
O Batista o criticava.
João se vestia de couro,
Como simples missionário
Exigia na pregação
Ver um mundo igualitário.
Embora ele não tivesse
Uma casa e nem salário.
Devido aos seus ensinos
E o batismo propagado.
João se tornou conhecido,
Tão querido e respeitado.
Muitos diziam ser Elias,
Que ao mundo tinha voltado.
Já Herodes criticado,
Por aquela infeliz meta
Embora temesse a ele
Por ser verdadeiro asceta
Com medo da multidão
Não agredia ao profeta.
Mas no seu aniversário,
Comemorou com riqueza.
A filha de Herodíades,
Dançou como uma beleza
E isto agradou demais
Sua falsa realeza.
Então o rei disse à moça:
— Peça o que você quiser.
Juro, farei qualquer coisa,
Conforme o que me disser.
Diante dos convidados
Prometeu isso a mulher.
A moça ficou em dúvida,
Frente à proposta altruísta
Confusa chamou a mãe,
E ouviu da vigarista:
— Peça agora em um prato,
A cabeça de João Batista.
O rei ficou muito triste,
Mas não pôde recusar.
Deu ordens a um soldado,
Que saiu pra executar.
E depois trouxe a cabeça,
Para expor no jantar.
Por combater injustiças,
Defendendo a verdade.
Foi que mataram João,
Com tamanha crueldade.
Porém, seu exemplo vive,
Em nossa sociedade.
O próprio Jesus falou,
Ensinando a multidão:
— Dos nascidos de mulher,
Ninguém é maior que João.
Foi ele o mensageiro,
Que pregou a conversão.
Já no final da história,
Permita-me perguntar.
De quem é hoje a cabeça,
Que estão querendo cortar?
Pois, tem muito Herodes vivo,
Dando ordens pra matar.
Tudo quanto lhes contei,
Os Sinóticos dão lição.
Os versos que amarrei,
São feitos de coração.
Por fim, digo, vida longa!
Aos devotos de São João.
OBS: Cordel revisado e apresentado pelo Poeta Varneci Nascimento.
OBS: Cordel publicado de forma independente, com lançamento na cidade de Alagoinha do Piauí-PI, em junho de 2017.