A QUEM DECEPCIONEI

Por Gecílio Souza

Sem mágoa ou desilusão

Mas sem júbilo ou festim

Venho fazer uma saudação

Aos que se afastaram de mim

Divergência e decepção

Podem justificar o fim

De uma boa relação

Mas a vida é mesmo assim

Laço desfeito é interrupção

Silencia o tamborim

É difícil dizer NÃO!

A quem sempre disse SIM!

Aceito a separação

Se você não está a fim

Me abandonou no sertão

Mas sairei deste confim

Se foi sem acenar a mão

Num silencioso motim

A falta de explicação

É torturante, é ruim

Em cinza, fumaça e carvão

Tentou transformar meu jardim

A chuva ao som do trovão

Fez florescer o jasmim

A rosa se explode em botão

Encanta o mato e o capim

Você fez cara de limão

Lhe dei doce de amendoim

E agora neste estradão

Só vejo buraco e cupim

Qual é a sua frustração?

Descreva num boletim

Fui atrevido, fui mandão?

O que lhe fim, enfim?

Fui Judas na traição

Ou fui um homicida Caim?

Me falhou a educação

Ou agi como um manequim?

Quis me dar uma lição

Usando tal trampolim?

Quer que eu me jogue ao chão

Falando grego ou latim?

Implorando o seu perdão

Vestido de nobre cetim?

Não consigo ser fujão

Sou maduro e não mirim

Há chances de reconciliação

Ou me recolho ao camarim?

Não me cause hipertensão

Ou me forneça alecrim

Sou simples, sou pobretão

Não tenho ouro ou marfim

Mas estendo-lhe a mão

Com um pedaço de pudim

Ofereço-lhe uma canção

Ao som do meu bandolim

Este poema é meu brasão

A rima é o meu clarim

O rancor é uma ilusão

E mata mais que aldrim

O amor vem do coração

Não se ama com o rim

Aceite a minha gratidão

E lhe desejo um bom fim

G. S.

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 06/09/2017
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