MUNDO NÃO POUPA, O TEMPO COBRA CARO

Aqui o tempo é bastante curto.

Nossas chances são poucas e bem raras

E devemos agir sempre às claras

Para o tempo não ir mesmo num surto

Ou até ser perdido em um furto.

Deixando-nos aqui como indigentes

A sofrer como pobres penitentes

E dos céus anseiam por um amparo

Mundo não poupa, o tempo cobra caro;

Não perdoa juros, não dá prazo à gente.

Transferimos aos outros os problemas

Que são nossos e que não resolvemos

Nossas culpas nós sempre transferimos

Para que se resolvam os dilemas

Apelamos pra uma corte suprema

Somos pois seres bem incompetentes

Pra gerir este bem muito imponente

E dos outros queremos anteparo.

Mundo não poupa, o tempo cobra caro;

Não perdoa juros, não dá prazo à gente.

Deve a vida então ser bem vivida

Dela se tirar tudo que é belo

Pois com ela é rápido esse elo.

Recebemos passagem já de ida.

Qualquer hora é hora da subida.

Porque se vive numa descedente

Pode-se morrer novo ou decandente

Mesmo quando se busca ter reparo

Mundo não poupa, o tempo cobra caro;

Não perdoa juros, não dá prazo à gente.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, SETEMBRO/2017

MOTE CRIADO A PARTIR DA MÚSICA METAMORFOSE DE VICENTE NERI.