NÃO ME PERTENÇO
Por Gecílio Souza
Certo alguém me colocou
Numa sinuca de bico
Gentilmente me desafiou
E não posso pagar mico
Com uma flecha me flechou
No meu ser deu um belisco
Desde então me transformou
Num sideral pobre rico
Me invadiu e me viciou
Me fez gigante nanico
Me venceu, me confiscou
Atirou-me no seu circo
O meu coração sequestrou
Na velocidade do corisco
Seu olhar me interceptou
É o lado A do meu disco
Seu jeito me magnetizou
Me estrebucho, me estico
Minha resistência se esgotou
Estou frágil, corro risco
Esse alguém me enfeitiçou
Nesse feitiço me implico
Seu gênio me acomodou
Este meu coração arisco
Tão agradecido estou
Que este poema dedico
De mim se assenhorou
E à sua elegância suplico
Minha alma festejou
Sua presença reivindico
A quem me emocionou
Cujo carinho eu lambisco
Quem tanto me cativou
A mim próprio que indico
Me seduziu e acalentou
Ofereceu-me um obelisco
De mim se apropriou
Sem alarde e sem fuxico
Uma missiva me enviou
Mensagem que não publico
A ir consigo me convidou
Do convite não me abdico
Em minhas mãos já chegou
A este alguém comunico
O meu dilema é se vou
A minha dúvida é se fico.
G. S.