A justiça divina
Sempre tenho por justiça
Aquela que vem do Pai
Nela não há cor postiça
No tempo ela se protrai
Não se apaga com cortiça
E no chão ela não cai.
Não existe pro pecado
Por que Deus é só perdão
Mesmo se andei errado
Ela mostra a correção
Se estiver desesperado
Ela vem pro coração.
Não está em argumentos
Muito menos nos sermões
Está em todos momentos
Nas palavras de orações
Ela é o sentimento
Que sonda os corações.
Ela é muito grandiosa
Cobre todo o universo
Não dá pena escandalosa
De escândalo é o reverso
Pois a pena, se danosa,
Da justiça é o inverso.
A justiça pra ser feita
Deve vir na dose certa
Também deve ser aceita
Pra servir como um alerta
Para o réu quando se deita
Ter a mente que lhe aperta.
Se vingar valesse a pena
A justiça nos diria
Deus daria vida plena
E ninguém mais morreria
Se alguém o corpo crema
Nada mais existiria.
Mas justiça também é
Caminhar pro infinito
Levando consigo a fé
Mesmo não sendo bendito
Sempre caminhando á pé
Levando o próprio conflito.
Aqueles que muito gostam
Da justiça duvidar
São também os que prostram
Bem na frente do altar
Em geral ali se encostam
Para nada lhes faltar.
No velório de uma alma
Pensamos na agonia
Todavia a vida é calma
Sempre vence a tirania
Assim mostra que a palma
Não é sempre de alegria.
O louvor que vem de longe
Não é sempre conhecido
Pode vir na voz do monge
No bilhete recebido
No olhar do nosso cônjuge
Ou do filho entristecido.
Das espadas mais cortantes
Cujos fios temperados
Devemos ficar distantes
Se possível ignorados
Para assim seguir adiante
Nunca voltando ao passado.
Lutas, guerras, maus desejos,
São partículas do mal
Assim como os relampejos
São partes do temporal
Entretanto o que eu almejo
É na dor por um final.
Por fim a nossa justiça
Que é criada pelo homem
É a serva da cobiça
Nega dar aos que não comem
É amiga da preguiça
Daqueles que nela somem.
Tanta animalidade
Fez de Deus alguém distante
Permitiu que a maldade
Se tornasse a importante
E junto com a falsidade
Faça injustiça constante.