Um copo d'agua, pelo amor de Deus!
Me criei lá no sertão
Sob a luz do sol quente
O pobre andava de pés
E não era maldizente
Só que a sede castigava
Essa pobre humilde gente.
As casas no interior
Da outra uma era longe
As léguas se comparavam
A penitência de monge
A sede e o sol quente
Pras águas a gente tange.
Dei água quando menino
Para sedento beber
No alpendre do meu avô
Também vi esse dever
Água do pote tirada
Para sede desfazer.
Morei em uma cidade
Onde ali trabalhei
No trabalho onde eu tava
Um costume observei
Um pote e nele água fria
Muitas vezes coloquei.
Apesar de ser comércio
E água poder vender
Seu dono fazia questão
De no pote sempre ter
Água fria para o sedento
A sede satisfazer.
Outro ponto na cidade
Era também visitado
No rancho do seu Zé Dia
Tinha um pote atrepado
Água fria e um caneco
Pro povo ser saciado.
Esse bem que é singelo
E por muitos desejado
Um copo de água fria
É sempre acompanhado
Com um olhar de alegria
E um paiďegua “obrigado”.
Quanto vale um copo d’agua
Na natureza da fé?
Para quem tá recebendo
Vale o dinheiro que der
E para quem tá doando
Quem paga é o de Nazaré.
Tá no livro de Mateus
Do copo d’agua o valor
Quem disse foi Jesus Cristo
Expressando com amor
Veja no capítulo 10
O galardão do Senhor.
Deus me livre e Deus me guarde
De um copo d’água negar.
É melhor nascer doente
E na vida mendigar
Do que queimar no inferno
Sem poder se refrescar.
Deus abençoe lá do céu
Ao meu irmão Zé Maria
Que água tinha no pote
E não falhava um dia
E quando vier do céu
Lembre também seu Zé Dia.
Carlos Jaime Matias. 28/08/2017