BOM DIA, PAIXÃO!
Por Gecílio Souza
Difícil é fixar a fronteira
Entre a paixão e o amor
Pois ambos são sensações
Que emanam do interior
Com distinta intensidade
Interfaceiam com a dor
Em compassos diferentes
Tornam o coração sofredor
Apaixonar-se é o mergulho
No oceno abrasador
Líquido fogo ardente
Que tem um certo frescor
E é justamente a paixão
Que se verte no suor
Ela picha as etiquetas
Atenta contra o pudor
É a íntima voz das entranhas
Instinto amplificador
Se traduz na simbiose
Solicitude e furor
Lassidão no atrevimento
Magia oculta no temor
Mas na arte da paixão
Todo mundo é professor
Na aurora da paixão
Qualquer um é trovador
O apaixonado se transforma
Em poeta e cantor
Pela paixão o mundo gira
Debaixo do cobertor
Ela expõe todos os limites
A fragilidade e o vigor
É raiz da procriação
É hedonismo, é fulgor
Ela não faz distinção
Entre o escravo e o senhor
A paixão burila a mente
Do artista, do escultor
Por ela enfrenta-se a chuva
O sol, o frio e o calor
Ela se apropria de tudo
Desestabiliza o humor
Ironiza o fracassado
Alimenta o sonhador
Enfrenta a espada, o fuzil
Se rende ao botão de flor
Feliz de quem se apaixona
Seja por quem, pelo o que for
A vida desapaixonada
Que tragédia, que horror
A paixão às vezes é
Um sentimento avassalador
Porém ela é o alicerce
Do sonho arrebatador
Por isso, querida paixão
Minha homenagem e louvor!