AOS PAIS
Por Gecílio Souza
Cinco letras tem o mundo
Cinco letras cifram a vida
Elas formam MÃE e PAI
Com a letra “A” repetida
Casal possui cinco letras
Formação reconhecida
É ali que a existência
Tem origem e guarida
MÃE é o universo de rosa
É a natureza colorida
PAI é o âncora de bigode
Que na ordem invertida
Ela é PÃE e ele é MAI
Na luta dura e corrida
Quando ela fica grávida
A sensibilidade é percebida
Metaforicamente falando
Ele também se engravida
Há muitas mães provedoras
E há pai que é marida
Porque um pai de verdade
Assume o fardo da lida
Transmite a sabedoria
Da experiência recebida
Desvela-se pelos rebentos
Absorve os sofrimentos
Para ver a missão cumprida
Uma das maiores artes
Que se pode registrar
Criada pela natureza
E o homem pode optar
De longe a mais intrigante
É o exercício de gerar
Maternidade-paternidade
É um binômio espetacular
Tal suprema doação
O mais sublime desvelar
Conferir vida à vida
E a espécie se perpetuar
Genitora e genitor
Cada qual no seu lugar
Tem papel imprescindível
Admirável e singular
Mas é a figura paterna
Que hoje vou homenagear
Sustentáculo honorável
Da célula familiar
Compartilha a intensa missão
De acolher e educar
Dá afeto, dá carinho
É um referencial modelar
Espelha a vida dos filhos
Tenta pôr tudo nos trilhos
Enseja a harmonia do lar
PAI é uma mãe sem útero
Sem seios, não amamenta
Mas compartilha as tarefas
Instrui, corrige e sustenta
É o outro pólo gestativo
E gesta sem ter placenta
Ele é bússola da jangada
Conduz, rege e orienta
Com os olhos no horizonte
E com a mente sempre atenta
Ele é professor, é médico
Sempre uma estratégia inventa
Face ao quase impossível
Ele se arrisca, ele tenta
Reconhecido ou não
O título de herói ostenta
Pai é bem mais que genitor
Que à genitora complementa
É autoridade severa
Que ralha, mima e acalenta
Sofre as agruras da vida
Que o semblante não aparenta
Pai é segurança e amparo
É base que não se arrebenta
Por isso, papai querido
Sou-te muito agradecido
O amor por ti só aumenta
PAI é o mais rico presente
Que o imponderável nos deu
Esse nome tão dinâmico
Que o amor paterno escreveu
Filho sem amor filial
Tal palavra nunca leu
Analfabeto da vida
Não amou nem reconheceu
O pai como grande tesouro
Que filho algum mereceu
Pelos filhos se doou
Noites de sono perdeu
Privou-se do bem estar
Se cansou, adoeceu
Para ver os filhos bem
Comida dormida comeu
Profundos golpes da vida
Com frequência recebeu
Trasformou o suor em sangue
Caiu, mas não esmoreceu
Quantas vezes o filho engrato
Lhe feriu, lhe entristeceu
É mais pobre e menos alegre
Quem o seu pai já perdeu
O valor do pai não se mede
Nenhum homem lhe sucede
Valorize e ame o seu
Pai é amor polivalente
Difícil de descrever
Os equívocos e defeitos
Não diminuem este ser
Está gravado com três letras
Com cinco posso escrever
É homem, longe ou perto
Papai, nobre regra do dever
Valor amado no tempo
Vulto, que gesta o viver
Fraco de maior vigor
Forte, sábio pra valer
Verbo de carne e ossos
Verso lindo do prazer
Raiar da manhã sem nuvem
Detém o inato poder
Metro de medir o mundo
Lugar vital a se mover
Chuva que desce à terra
Forma firme de reter
O calor solar da tarde
Vento, brisa do lazer
Certo cerne feito de fibra
Visão, plano e saber
Gesto igual ao aceno
Papai torna o drama ameno
Filho grato, posso dizer