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PACATO CIDADÃO
 

 
Um sensato cidadão
cumpre deveres à risca;
não questiona direitos,
que já lhe botam defeitos
de ser algum boa bisca.
 

Paspalhão, o rotineiro
faz o tipo dos cordatos.
Ao sofrer, não dá infarto,
engole qualquer lagarto
e se molda pelos patos.
 

Tarefeiro das antigas,
um prudente bobalhão
ama seus representantes,
inda vota como dantes,
e só nos que metem mão.
 

De um servil trabalhador
dele até roubam seu jeito.
E o bobão não move palha,
ao achar que quem trabalha
em greves não põe o peito.
 

Medíocres ruminantes,
a viverem na mesmice,
como boizinhos de engorda,
dos patrões levando corda
e ouvindo «disse me disse».
 

Um pacato cidadão
faz bonito como obreiro,
ao mínimo se conforma,
acreditando em reforma
proposta por quadrilheiro.
 

Também virei um pacato,
pois só sei cantar amor
e sentir-me pacifista,
miniprojeto de artista,
menestrel e trovador.

 

Fort., 11/08/2017.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 11/08/2017
Código do texto: T6080289
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