CHEGA DE TRISTEZA ME DÊ SEU SORRISO

Sonhei ter estado

Num circo real

Cujo picadeiro

Ficava em Natal

E eu era um palhaço

Sem graça e sem sal.

Motivo causal

Eu quis encontrar

Pra que o meu público

Não fosse alegrar,

Mas mesmo buscando

Não pude explicar.

Nesse meu sonhar

Pensei no Brasil

Que apesar do céu

Lindo e cor de anil

Não tinha seu povo

Com amor varonil.

Era bem sutil

A comparação

Entre minha pátria

E a minha ação

Com as duas deixadas

Rasas como o chão.

Eu via à nação

Picadeiro posto

Onde o meu palhaço

Sofria o desgosto

De não ver que havia

Um riso em só rosto.

Era mês de agosto

E o circo na praça

Eu fazia força

Mas via sem graça

Que havia um preposto

Disposto à desgraça.

Puxei pela raça

Quis mudar meu ato

Não ria meu povo

Parecia ingrato

Porém na verdade

Sofria o maltrato.

Acordei de fato

Suado e tristonho

Tendo meu palhaço

Sofrido no sonho

Vendo meu país

Sem se ver risonho.

Alerta proponho

Agora acordado

Que eu tenho outro sonho

Mais bem humorado

Pra ver o medonho

Com jeito engraçado.

Meu povo animado

Quero ver na rua

Enchendo a pracinha

Rodando à perua

Mostrando que a graça

Inda continua.

Com a bunda pra Lua

Sem que nada importe

Sorrindo maluco

Mangando da morte

Prepondo o sorriso

Para que conforte

Ser antes um forte

Reforçar o tino

Mudar sorridente

O nosso destino

Seguir com a garra

De bom nordestino.

Sorrindo menino

Rio Grande do Norte

A minha alegria

Vai ter maior porte

Sorriso no rosto

Vai mudar a sorte.

Um novo suporte

Eu vou procurar

Sustentar o riso

Em novo sonhar

E ver o meu povo

Enfim gargalhar.