O PREÇO DA MENTIRA
Por Gecílio Souza
Oficina de alto risco 01
É um cérebro ocioso
Pois é dele que emana
O tranbique mais perigoso
A mente alça altos voos
Quando o corpo é MOROso
Pensamentos criam asas
Se o físico é preguiçoso
A mente desocupada
Gesta projeto venenoso
A mentira nasce e floresce
No intelecto malicioso
A ignorância e a inconsciência
Formam o terreno primoroso
Propício para a mentira
Nutrir seu caule frondoso
A mentira é filha do ócio
Neta do vazio capcioso
Genitora das desavenças
E avó do desonroso
Sutil, discreto ou teatral
O maior inimigo social
É sem dúvidas o mentiroso
O entusiasta da mentira 02
É no mínimo habilidoso
Profere princípios e chavões
De domínio religioso
Segue à risca o figurino
É “severo” e meticuloso
Qualquer transgressão aos costumes
Acha vil e escandaloso
É tarado em holofotes
Repele a pecha de vaidoso
Aparentemente vestal
Essencialmente rancoroso
Possui espírito de víboras
Seu olhar é cavernoso
Voz serena e olhar vago
Mascara o impulso raivoso
Equilíbrio de fachada
Seu saber é duvidoso
Tem covinhas na bochecha
Adota método acintoso
Se acha a vedete atual
A pior patologia social
É um magistrado mentiroso
Com suas múltiplas facetas 03
E um genoma defeituoso
A mentira ocupa as frestas
Do terreno mais rochoso
De onde lança as patranhas
Do seu projeto ardiloso
Atua sempre nas sombras
No escuro silencioso
Se oculta nas aparências
Contém asco impetuoso
Infecta o caldo cultural
Com o que há de mais danoso
Dilacera a sociedade
Inserindo-lhe o maculoso
Camuflagens multicores
Verniz lusco fusco nodoso
Quem mente é covarde e fraco
No íntimo é despudoroso
Busca compensar a fraqueza
No padrão moral faccioso
Vago, arredio e parcial
O cancro agudo mais letal
É um magistrado mentiroso
Conspurca a sociedade 04
Com um chorume rançoso
Surrupia a ação política
Num esquema astucioso
Revoga o direito e a justiça
Instaura processo remoso
Negligencia as evidências
É pernóstico e invejoso
Possui ânimos vingativo
Se transparece pomposo
Seu plano é um simulacro
De um projeto desairoso
Conspira contra a nação
Usa arroubo estrondoso
Desdenha a inteligência alheia
Com argumento falacioso
Assaltou o código penal
Num roteiro ignominioso
O ódio que veste toga
É um narcisista orgulhoso
Paranóico e boçal
A pior moléstia social
É um magistrado mentiroso
O produto da mentira 05
É socialmente oneroso
Na aparência é palatável
Na essência é amargoso
Alimenta a massa ingênua
No imediatismo deleitoso
Os meios de comunicação
Com o seu marketing rentoso
Superdimensionam a patranha
Por meio do mote engenhoso
O manual da imprensa
É néscio e fastidioso
Infecta as almas inocentes
Adestra o fiel licencioso
Confunde a opinião pública
Com o jornalismo horroroso
Promove falsos heróis
Homenageia o audacioso
Condecora um certo juiz
Tacanho e jactancioso
É obtuso e imoral
A pior enfermidade social
É um magistrado mentiroso
A mentira deixa um saldo 06
Eticamente desastroso
Ela condena sem provas
Instaura inquérito vicioso
São grosseiras impertinências
Para se tornar volumoso
Faz juiz se enveredar
Por terreno pedregoso
Se move pelo capricho
Extrapola o indecoroso
Interpõe um neo direito
Neofascista assombroso
O custo sócio-econômico
É estapafúrdio e vultoso
Ousa moralizar a política
Sendo ele próprio aleivoso
Implacável com petistas
Com tucanos é cuidadoso
Mas tucano é inimputável
Mesmo o mais indecoroso
Que operação surreal
A pior anomalia social
É um magistrado mentiroso
Os destroços da mentira 07
Soterram um bem precioso
A imparcialidade jurídica
E um Estado harmonioso
Mas deixam como legado
Um viés litigioso
Quando o judiciário golpeia
Forma um povo revoltoso
Um poder posto em descrédito
É infame e insidioso
O fundamento ético da nação
Cai no abismo trevoso
Es que o justiceiro togado
Solícito e voluptuoso
Institucionaliza-se a mentira
Moldou um Estado ominoso
Juiz em redes sociais
Busca algo vantajoso
Dinheiro, elogios e aplausos
Politiqueiro ansioso
Viola o princípio legal
O pior veneno social
É um magistrado mentiroso
A bactéria da mentira 08
Torna o Estado canceroso
Infecta o judiciário
Molda juiz desditoso
Carente de cultura jurídica
Mas é acusador cioso
Nunca leu Nelson Hungria
É entusiasta de Lombroso
Ignora Ruy Barbosa
O jurista mais famoso
Desconhece Evandro Lins
Nosso contemporâneo saudoso
A justiça está nas mãos
De um segmento mafioso
Partidário e revanchista
Fundamentalista asqueroso
Seu alimento é o ódio
Simula ser generoso
Quer notícia, quer jornal
O pior vírus social
É um magistrado mentiroso
A mentira tem perna curta 09
Mas o olhar caviloso
Não anda à pé nem de carro
Tem puxa saco ardoroso
Coxinhas e outros insetos
Lhe dão um SIM fervoroso
Ela odeia a clarividência
E adora o nebuloso
Por lhe faltar argumentos
Ela dá vexame nervoso
Baixinha e quase sem pernas
Debocha do homem honroso
Anda de terno e gravata
Mas tem cérebro escamoso
Sobre a bíblia e o código penal
Faz discurso incendioso
Com a sua caneta de ouro
Decreta o esparafatoso
Ela se consubstancia
No judiciário ostentoso
Quer homenagem semanal
O carcinoma social
É um magistrado mentiroso
A mentira revela o débil 10
É o verbete do poderoso
Representa a parte fraca
Substrato do pomposo
Ela tem que inventar provas
Usando método vicioso
Cria redes de intrigas
Minando o ambiente amistoso
A desconfiança justifica
O desejo belicoso
Passa-se a perseguir a verdade
Como inimigo tormentoso
Inverte-se a posição dos valores
Do modo mais vergonhoso
Tortura-se a inocência
Pelo meio desonroso
Aplica-se leis adventícias
Em cerimonial jocoso
Sepulta-se a equidade
E recebe aplauso caloroso
Narciso em tempo integral
A pior ofensa social
É um magistrado mentiroso
A mentira é um edifício 11
Erguido em chão arenoso
Cedo ou tarde ela rui-se
E seu tombo é estrondoso
Mas não cai sem fazer vítimas
Causando-lhes tempo penoso
Os mendazes engravatados
Ocupam espaço suntuoso
De lá decidem o destino
Deste país populoso
Guardas e vidraças os protegem
No recinto seguro e cheiroso
Transformam os prédios públicos
Em bacanal glamoroso
Ignoram a voz das ruas
Talvez por instinto medroso
Somado ao seu compromisso
Com o mercado ganancioso
São servos do capital
A temível moléstia social
É um magistrado mentiroso
A mentira é fragância tóxica 12
Que deixa o ar perfumoso
Mas apodrece o caráter
Torna o homem amargoso
Em regra aquele que mente
É arredio, sagaz e tinhoso
Se projeta no adversário
E se faz de afetuoso
A mentira tem mandato
E entorpece o garboso
Ela também é concursada
Tem salário esplendoroso
É a genitora e matriarca
Deste modelo pernicioso
Ela possui vários nomes
Cada nome injurioso
Poliglota e polivalente
Com figurino estiloso
Os poderes constituidos
Imersos no lamaçal ruidoso
Tanto quanto o marginal
O maior risco social
É um magistrado mentiroso
O legado da mentira 13
É em si conflituoso
Dicotomiza a sociedade
Maniqueismo contagioso
Num pólo os riquinhos perfumados
No outro o pobre feio e halitoso
De um lado o diploma sem escrúpulo
Do outro, o empirismo escrupuloso
No subtérreo, a energia produtiva
No sobretérreo, o luxo pretensioso
O andar de cima é dono da mídia grande
O de baixo consome esse lixo poroso
O andar de cima gera os bandidos de toga
O andar de baixo pago o custo majestoso
O de cima vê o de baixo como escravo
O debaixo acha o de cima caridoso
Para o de cima, o de baixo é um fardo
Para o de baixo, o de cima é bondoso
A elite monopoliza todos os meios
Rotula o povo de vândalo ansioso
Às nossas custas se mantêm no pedestal
A pior tragédia social
É um magistrado mentiroso
A mentira alimenta 14
Um sistema curioso
Ele mesmo se denuncia
E se torna mais vigoroso
A ingenuidade o aplaude
Com espírito fervoroso
Vê os algozes como heróis
E vê o herói como maldoso
Deseja resolver os conflitos
Pelo meio mais tortuoso
Flerta-se com o militar
E com o juiz preconceituoso
Que troca a prova pela crença
É partidário tendencioso
Lhe falta saber jurídico
Lhe falta ser cauteloso
Nunca foi um bom juiz
Porquanto não é respeitoso
Condenou o líder máximo
Por um ódio caprichoso
Este árbitro não é normal
A mais grave ameaça social
É um magistrado mentiroso.