Mercador de sentimentos

No mercado da cidade

Encontrei a multidão

Rindo de infelicidade

Enganando a solidão

Vi um rastro da saudade

Procurando um coração.

Vi um jovem mercador

Passeando distraído

Esperava pelo amor

Que jamais tinha vivido

Suas coisas de valor

Ele trazia escondido.

Vivia no seu trabalho

Para ter como viver

Enfrentava o frio orvalho

Antes do amanhecer

Café quente no borralho

Tomava pra se aquecer.

Ia assim todos os dias

Enfrentando a sua sorte

Suportando as agonias

Guerreando como um forte

Enganando as alegrias

Esperava pela morte.

Na trilha da ansiedade

Cheia de perseguição

Labirinto da saudade

Sem ter sinalização

Ele levava a vontade

De ouvir a voz da razão.

Para ouvir seus sentimentos

Não pensou qual o desforço

Reuniu ensinamentos

A custa de grande esforço

Dominou seus pensamentos

Com um pouco de reforço.

Caminhou um pouco adiante

Pela estrada do destino

Um pouco cambaleante

Por ainda ser menino

E não viu no seu semblante

A montanha de ensino.

Uma jovem aproximou

Para ele acenaria

Para ele perguntou

Onde vive a alegria?

Ele então balbuciou

Disse que não conhecia.

Ela respondeu que a ele

Fora dada a incumbência

De mostrar quem era aquele

Que provou ter sapiência

Mas porém não tinha nele

O saber da paciência.

Ele respondeu pra moça

Meu saber é bem guardado

Eu não encontrei na poça

Muito menos no roçado

Ou no vento que alvoroça

Tudo que me foi tirado.

Meu saber é a fortuna

Que me custa carregar

Tem a forma de uma duna

Que o vento fez ao soprar

Ela afundou a escuna

Quando a pus a navegar

É a joia muito rara

Que o tempo burilou

Eu pensei que era cara

E ninguém a esperou

Descobri que já pagara

Quando você perguntou.

Você tenta simplesmente

Encontrar a alegria

Acredita piamente

Que com ela encontraria

Esquecendo que o presente

É o saldo que devia.

Não espere a alegria

Vir bater à sua porta

Faça dela todo dia

Da tristeza uma comporta

Saiba que a alegria

A tristeza não suporta.

Dê um passo sempre adiante

Não provoque o opressor

Dê a mão ao caminhante

Que quer ser seu seguidor

Todos somos semelhantes

Ante Deus, o Criador.

A moça ficou parada

Nas palavras refletindo

Não estava acostumada

A ficar somente ouvindo

De repente inebriada

Dizendo estar descobrindo.

Ela disse pro rapaz

Você é um benfeitor

Você devolveu a paz

Pra mulher do ditador

Que naquilo que ele faz

Ela encontra o desamor.

Dê a mim a sua mão

Eu serei a garantia

Quero ouvir o seu sermão

No começo do meu dia

No meu lar terei então

Um lugar pra alegria.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 16/07/2017
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