Tempo de Maldade
Estou vivendo num tempo
Assim meio sem razão
Onde a dor e o tormento
Machucam o coração
As pessoas não se cansam
De verem brotar o mal
De um jeito sem moral
Saem nas ruas vagando
Uns aos outros se matando
Num devaneio sem igual.
Às vezes me dá revolta
Em ver o mal progredir
Mas não é da minha conta
Quero ver a Deus iludir,
Ele está de cima olhando
A trama e a falsidade
O ódio e a iniquidade
Que todos estão a fazer
E pensam que Deus não vê
Sua besta insanidade.
Eu quero ver até onde
Vão parar com esse jogo
Verei se pra sempre se escondem
Da intensa luz do fogo
Quando vir purificando
E a todo mal consumindo
Acordado ou dormindo
Fulano há de pagar
Por somente o mal praticar
Na face deste mundo lindo.
Eu vejo às vezes por nada
Um do outro tira a vida
Se a coisa fosse falada
Creio que seria ouvida
Mas não preferem matar
Sem chance de nada dizer
O pobre que vai morrer
O chão com sangue encharcando
E sua alma sai vagando
Sem nada ao menos saber.
Às vezes isso ocorre
Sempre com um coitado
Que sem nem esperar morre
Num canto abandonado
Mas na nossa segurança
Tenho ainda certa fé
Que um dia seja sem ré
E jamais essa miséria,
Que seja polida, esmera
Tal qual no mar a maré.
Por aqui eu vou deixando
Alguns versos de revolta
São coisas que vão grudando
Na alma da gente e não solta
Assim me ponho a falar
Se tudo está certo não sei
Porém meus versos falei
Eu não pude me calar
Diante do tanto vagar
Tão torpe por aí essas leis.