GECILOSOFIA - FLERTE AO FEMININO

Por Gecílio Souza

O homem é um ser dual

Desde o ventre uterino

É matéria racional

Dotado de instinto assassino

Gregário e cultural

Esboça ímpeto canino

Suscetível ao passional

Abriga em si o divino

Até o eterno imortal

Protagonista do destino

Sucumbiu-se ao sensual

Encampou o figurino

Do desejo sentimental

Tornou-se ousado e traquino

Abdicou-se do legal

Se entregou ao amor cretino

O prazer é transcendental

O desejo é seu paladino

Apaixonar-se é natural

Odiar tem viés felino

Desejar é uma ação cerebral

Odiar é pensar com o intestino

Amar é um gesto transversal

Egoismo define o sovino

Deste mundo temporal

O homem é mero inquilino

Compartilha com o outro animal

Este existir interino

O comum e o intelectual

O menos esperto e o ladino

Têm o mesmo temor frontal

A morte lhes toca o sino

O dilema existencial

De ambos é o maior pepino

Estão no mesmo lamaçal

Jogando no mesmo cassino

Diferem-se pelo ideal

Mas cada um é peregrino

Uns fazem o bem, outros o mal

Conforme as regras de ensino

Mas há algo excepcional

Valioso, nobre e fino

Que altera o referencial

Do noturno ao vespertino

Extraordinário diferencial

Seja o o lícito ou o clandestino

Sua beleza escultural

Suplanta o castelo bizantino

Sua dinâmica corporal

Despertou santo Justino

Tem atributo magistral

Encanta o padre e o rabino

Seu poder é tal e qual

Que dominou Virgulino

O seu charme é vertical

Impressionou Constantino

Seu afeto é essencial

A ele componho um hino

Ai deste mísero mortal

Sem o fragor pequenino

Deste amor fundamental

Muito além do que imagino

Fez de Adão um boçal

Dançando o xote latino

Assustou o mundo infernal

Fez do diabo um suino

Obrigou o algoz bestial

Correr para o otorrino

Da terra é o ponto central

Do céu é o sol matutino

Ela é ser humano total

Tão sábia quanto Plotino

Enganou Sansão “marginal”

Seduziu até João Calvino

A mulher é fenomenal

Perante ela sou um menino

Extrapola o convencional

Adentra o meu “eu” masculino

É melodia instrumental

Denso deleite paulatino

É um livro universal

Antropológico e genuíno

É o círculo perimetral

Amparo no qual me reclino

Me torna mais jovial

O singular amor FEMININO!

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 13/07/2017
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