Sucessão ecológica
a força voraz
de um cedro que sobe
da fresta opressora
de um piso esnobe
alçando a orbe
em busca da luz
de um teto vazado
que o claro conduz
subindo imponente
vencendo barreiras
rasgando o reboco
os caibros e as telhas
libera centelhas
de luz radiante
que ao claro do dia
se enxerga distante
a velha ruína
aos poucos se implode
cedendo ao cedro
vencê-lo não pode
a vida eclode
por sobre o telhado
de feixes de folhas
que guardam o molhado
e sobre essas folhas
já apodrecidas
germinam sementes
por aves trazidas
fortuitas jazidas
de melão Caetano
esperam as chuvas
do próximo ano
e assim lentamente
o bem vence a morte
criando um jardim
por cima de um forte
façanha ou sorte
tão pouco interessa
a vida persiste
sem plano e sem pressa