ObjeçãoMote(Cordel)-ChicoDoCrato-Silva Dias
Mas nunca vi cantoria sem viola e repentista(Objeção Mote)-ChicoDoCrato-Silva Dias
ChicoDoCrato, Música, Voz, Violão, Sintetizador, Arranjo, Mixagem e Adaptação do CORDEL de Silva Dias
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Audacity, 110 Ritmo 000+30 em Mí-. Gravação caseira. Gravar em estúdio.
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Eu já vi rio sem água,
Peixe nadar na tristeza.
Na floresta sem pureza
Olho de bicho deságua.
A roupa ninguém enxágua
A sujeira é bem vista,
Show no palco sem artista,
Palhaço sem alegria,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Vi político ignorante
Administrar a massa,
Sabedoria escassa,
Mentalidade arrogante
Conceito estravagante
De astuto e vigarista.
A massa Ele conquista
Comprando com mixaria,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Vejo rico sem dinheiro
E pobre bem abonado;
Crente andar embriagado;
Muito pastor bandoleiro;
Policial pistoleiro,
Ladrão e contrabandista.
O trem ta sem maquinista,
Marajá sem mordomia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Cidadão ta condenado
A observar dia-a-dia
Bandido ter regalia,
Viver privilegiado,
Cedo ser aposentado
Pela lei do egoísta.
Na política calculista
Só vejo hipocrisia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Cinema vira Igreja,
Igreja vira puteiro.
Só “lixo” é que dá dinheiro,
Pois o “bom” ninguém almeja
A vida é uma peleja
Num mundo capitalista.
O Padre virou farrista
E paróquia só tem orgia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Já não é mais novidade
O homem virar mulher,
Japonês usar colher,
Crime sem impunidade,
Mentira virar verdade,
A mulher ser terrorista,
Um viado bem machista
E poeta sem poesia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Eu já vi “ateu” orando
Pedindo ajuda a Deus
Pra guiar os passos seus
Na trilha que vai andando.
Hoje, tudo ta mudando:
Índio já é correntista;
Roqueiro virou passista
E Igreja só tem folia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Vi até mudo falar,
Aleijado que andou,
Um surdo que escutou
Depois dum tapa levar;
Um preto, branco ficar
Na cadeira do dentista;
Um maluco masoquista
Que a sua dor repudia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista
Vi um bêbado um dia
Andando na corda bamba
Ainda dançava samba
Coisas que são não faria.
Ficava bobo quem via
O bebão equilibrista.
Conheci um alpinista
Que um monte não subia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Vi São João sem fogueira
E forró sem sanfoneiro,
Vaquejada sem vaqueiro
E parque sem brincadeira;
Até convento sem freira
E rádio sem radialista,
Comércio sem ter logista
E seca aonde só chovia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Vi numa área escolar
Um velho “Carro-de-boi,
O boi, com o tempo, se Foi
O Carro, sem poder andar
Teve que se aposentar.
Isto fez o pacifista
Virar um antagonista
E abraçar a anarquia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista.
Eu já vi bebê nascer
Querendo mascar chiclete,
Navegar na internet
Para o mundo conhecer,
Vi um gordo emagrecer
De tanto comer paulista,
Vi um grande instrumentista
Que, música, não conhecia,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista
Neste mundo tão virado
Tudo isto eu tenho visto,
É um filme que assisto,
Mas não tô admirado.
Às vezes, fico irado
Com gente ignobilista,
A corja de ludibrista
E a sua categoria
Diz que fazem cantoria
Sem viola e repentista.
Bis no final
Depois de analisar
Com cuidado este fato,
Meu verídico relato,
Aqui vou finalizar.
Quem quiser hostilizar
Tirar meu nome da lista
Só porque sou realista,
Pularei de alegria,
Mas nunca vi cantoria
Sem viola e repentista