Bolsonaro(aCaraDaMinhaPátria)-ChicoDoCrato-SilvaDias
Bolsonaro(aCaraDaMinhaPátria)-ChicoDoCrato-SilvaDias
ChicoDoCrato, Música, voz, violão, sintetizador, arranjo, mixagem e adaptação do CORDEL de Silva Dias.
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Eu sou a cara do medo,
Segurança insegura,
Certeza de impunidade,
A lei da total loucura,
Suborno e violação,
Mas não conheço prisão
Roubar também é cultura.
Sou covil de fraudadores,
Berço da corrupção
De tantos Nicos Lalaus,
Toda espécie de ladrão.
O político incompetente,
A angústia do inocente
Implorando solução.
A imagem do descaso
Com o sofrimento infantil,
A face triste do medo
Neste mundo doentio,
O mendigo e a solidão,
Sou a luz e a escuridão
Dessa pátria mãe hostil.
País da bola, da ginga,
Do esporte campeão,
Alegria dos festejos,
Carnaval e São João,
A orgia do puteiro,
Sacanagem o ano inteiro
Sem qualquer preocupação.
Sou o perdido analfabeto
Abraçado à ignorância,
Explorado pelo ódio,
Pelos punhos da ganância.
Nos becos do contrabando
Continuo traficando,
Pois não me dão importância.
Um coração maltratado
Agonizando e à toa,
Olho que enxerga e não vê
O sentimento que voa.
Há tristeza no meu riso,
Pois não tenho o que preciso
E o meu grito não ecoa.
Eu sou o desesperado
Vegetando nas vielas
Com ratos, surtos e balas
Que comandam as favelas
Nos guetos do preconceito
Sou a causa e o efeito
De incontroláveis mazelas.
A verdade que machuca
Nesta bruta realidade,
A tristeza da notícia.
Sou vítima da crueldade,
O forte clamor da pobreza,
Uma geração indefesa
Implorando liberdade.
Sou a agonia presa
Cortando meu próprio eu,
A lágrima derramada
Do filho que se perdeu
Sem colo para dormir,
Sem um carinho sentir
E na solidão morreu.
Uma faca de dois gumes
Para melhor te cortar,
Estrela que não é vista
Porque não pode brilhar,
A ponta de um espinho,
Filhote longe do ninho
Tentando se encontrar.
A lida do dia a dia,
Tua calejada mão,
A pele que é tão queimada
Do sol quente do sertão,
Santo suor derramado,
Mas nunca valorizado
Por causa da ingratidão.
Sou o reflexo da miséria,
A folha que já secou,
A miragem num deserto,
O fruto que não vingou,
O certo ainda errado,
Pobre que vive humilhado
E a casa que desabou.
Sou o rio poluído,
A chuva que não caiu,
A dor de ser tua mágoa,
Piada que ninguém riu,
O beijo que não foi dado,
O sabor desaprovado,
Prazer que ninguém sentiu.
A floresta definhada,
Flor que não desabrochou,
Um jardim agonizando
E o jardineiro que chorou,
Pássaro que já não canta,
Semente que não se planta,
Canção que ninguém cantou.
Sou a Letra em decadência,
Música sem melodia,
A aberração do sucesso,
A mais completa baixaria.
A poesia não lida,
Lembrança já esquecida,
País da hipocrisia.
Bis
Mas ainda acredito
Na esperança em mim.
Há uma luz no fim do túnel,
Deixarei de ser ruim
Curando, pois, minha dor
Serei apenas amor
E alegria sem fim.