OS DITADOS POPULARES

Os Ditados Populares,

Criados na antiguidade,

Fazem parte da cultura

Popular da humanidade,

Fazendo a língua do povo

Ficar para a eternidade.

Eles são filosofias

Passadas na forma oral,

Que servem pra melhorar

O convívio social

E podem favorecer

A vida espiritual.

Não faz chegar o verão

Uma andorinha sozinha.

Cada um só puxa a brasa

Para assar sua sardinha,

Mas não conte com o ovo

No fiofó da galinha.

Já diz um velho ditado:

Tudo que não mata engorda.

E em casa de enforcado,

Ninguém nunca fala em corda,

Pois quem dorme com cachorro

Sempre com pulga se acorda.

Dizem que cavalo velho

Não pega mais andadura

E água mole em dura pedra

Tanto bate até que fura,

Mas também come farelo

Quem com porcos se mistura.

Sabemos que quem vê cara

Não enxerga o coração.

Também sabemos que a prática

É quem faz a perfeição

E que a galinha enche o papo

Comendo de grão em grão.

É bem melhor andar só

Do que mal acompanhado,

Pois tem medo de água fria

Gato que foi escaldado...

E também só come cru

Quem quer comer apressado.

Meia palavra já basta

Para o bom entendedor,

Porque Deus só dá o frio

Conforme o seu cobertor,

E se um dia é da caça,

O outro é do caçador.

Muito maior é o tombo,

Quanto mais alto o coqueiro,

Porque todo caldo entorna

Com mais de um cozinheiro,

Mas o espeto é de pau

Quando a casa é de ferreiro.

Sei que a mãe das invenções

É a tal necessidade.

Também que a melhor política

É a da honestidade.

Porque quem semeia vento,

Sempre colhe tempestade.

Cada um ser é quem sabe

Onde lhe aperta o sapato,

E quem não possui um cão,

Só pode caçar com gato,

Porque quando o gato sai,

Quem faz a festa é o rato.

Papagaio come milho,

Periquito leva a fama.

Depois de ficar famoso

Se pode deitar na cama.

E bonito lhe parece

Para quem o feio ama.

É para o lado mais fraco

Que a corda sempre arrebenta,

Mas sempre vem a bonança

Depois que passa a tormenta.

Pimenta no olho alheio

É refresco e não pimenta.

Nunca coloque os seus bois

Co’o carro andando na frente,

Pois quando os olhos não veem,

Nosso coração não sente.

E aquele que muito jura

Geralmente é quem mais mente.

Só com o olhar do dono

É que todo gado engorda.

E quem dorme com criança

Sabe que molhado acorda,

Pois só com a última gota

É que a xícara transborda.

Sabemos que Deus dá asas

Pra quem não sabe voar.

Sobre o leite derramado

Não adianta chorar.

E é melhor se prevenir

Do que se remediar.

Sei que quem com ferro fere,

Com ferro será ferido.

Que também vale por dois

Um homem que é prevenido,

Mas não se mete a colher

Entre mulher e marido.

Quem tem telhado de vidro

Não joga pedra em vizinhos,

Porque as águas passadas

Já não movem mais moinhos.

E não pode existir rosas

Sem proteção dos espinhos.

Só se coloca a tramela

Depois da casa arrombada,

Pois nunca engole mosquito

Quem tem a boca fechada

E é sempre pela emoção

Que a razão é enganada.

Só conhece um bom amigo

Quem passa necessidade.

A mãe de todos os vícios

É a ociosidade,

E sabemos que é em casa

Que começa a caridade.

Sei que não existe regra

Sem haver uma exceção.

Melhor do que dois voando

É um pássaro na mão.

E ladrão que rouba outro

Tem cem anos de perdão.

Deve-se comer pra viver

E não viver para comer.

Põe sua barba de molho

Quem vê a do outro arder.

E o pior cego é aquele

Que olha, mas não quer ver.

Quem olha a vida dos outros

Da sua vida se esquece.

E toda assombração sabe

Para quem ela aparece,

Pois se a cabeça não pensa

É o corpo que padece.

Oficina do diabo

É uma cabeça vazia.

Na boca de quem não presta,

Quem é bom não tem valia.

E pedra que muito rola

Nela o limo não se cria.

Há muito ouvia dizer:

Se cair, do chão não passa,

Porque sempre existe fogo

Onde aparece fumaça,

E alguns dizem que é bobagem

Se existir pouca desgraça.

Não deve olhar para os dentes,

Quem tem um cavalo dado.

Melhor um pardal na mão

Do que pombo no telhado,

E o risco que corre o pau,

Corre também o machado.

Me dizes com quem tu andas,

Que quem és eu te direi,

Porque em terra de cego

Quem tem um olho é o rei,

Mas não digas de uma água:

Desta, nunca beberei.

Vendo que a farinha é pouca,

Faço meu pirão primeiro,

Pois tudo é fácil se arranja

Quando se possui dinheiro.

Difícil mesmo é achar

Uma agulha num palheiro.

Não use uma vara curta

Para a onça cutucar,

Pois quem mais anda depressa

É quem vai mais devagar,

E cada um tem seu fardo

Pra na vida carregar.

Aprenda todas as regras,

Porém, algumas transgrida...

Pois saiba que a mais gostosa

É a fruta proibida,

E que a melhor das escolas,

Ninguém tem dúvida, é a vida.

Se correr o bicho pega,

Se ficar vai lhe comer.

Eu sei que falar é fácil,

Mas é difícil fazer.

Quando a lei não é cumprida,

Ela é só para inglês ver.

Quem não pode com o pote,

Na rodilha não segura.

Outro ditado já diz

Que o tempo tudo cura.

E pela dor que ele sente,

Boi sabe a cerca que fura.