Nega fulô - Um cordel pra uma mãe
A Nega Fulô,
que desce a ladeira
com lata na mão
com os pé no chão
cansaço nos zói
chega me dói
ver minha Nega Fulô.
Nega Fulô,
floresce de amor,
que sabe cantar
e me encantar,
que sabe ser flor
sem ter que regar.
Nega Fulô,
não sei dizer
nem compreender,
o pobre coração
de um homem tão mal
tão desigual,
que vive a humilhar
a minha fulô.
Ela ama também,
ela dança tão bem,
eu não sei por que
lhe tratam tão mal,
fazendo chorar
minha Nega fulô.
Nega fulô,
menina pequena
de pele morena,
Que não lhe vejo sorrir,
mas que vive a fugir,
com medo de alguém
não sei por quê.
Essa minha Nega Fulô,
que me dar amor,
que faz tudo por mim
que me faz ninar,
me ensinou falar
e a caminhar.
A que me da baim,
que chamo de "Mãe"
E de Nega fulô. (...)
Minha Nega fulô,
só descansou
quando morreu
me deixou á chorar,
senti seu faltar,
Quando ela saiu
da varanda de casa
sendo carregada,
pelos meu vizim,
doia em mim
ter que carregar
o jarro de frô.
Hoje já não tenho
a minha velha fulô
Que nessas terra morreu
E eu ainda criança
ela deixou.