Luz reVela
A vela é luz, que transcende a cera e o ar, e de amor seduz, com o ardor de esquentar, e com a falta do enxergar, e o presságio do frio, chama a irmã o avô e o tio, pra na chama aconchegar, dedos, tremedeiras, a vela uniu à mesa os desafortunados destinados à bebedeira, até cair o pranto da mãe, disfarçado na cera dela, enquanto do rosto uma gota caia, ruia uma gota da vela, desde a chegada da luz, era tudo uma festa, progresso meus caros, se aduz, é noite na cidade, povo, seresta! As mulheres vão dançar, os homens vão beber, as noivas vão casar e os maus tempos esquecer, mas não, a luz que acabou com o escuro, não acabou com a escuridão, e aumentou a solidão, num vão chamado futuro, não havia mais o sino da janta, família junta e visita na cancela, não havia mais esperança, pra mãe depois de aposentar a vela, as histórias na primavera, o violão, a luz e a cegueira, sentados num tronco de árvore, matando os insetos ao redor da fogueira, mas o futuro realmente nunca espera, primeiro chegou a virose, depois a luz em toda sua apoteose, matando a pobre da vela, os filhos sorriram, os tios sorriram, a briga se apartou, e no canto tímido do quarto, só, com a vela e seu retrato, a mãe chorou, com saudade da união que o futuro trazia, na verdadeira poesia, família, amarga e singela, e o amor que restou, a mãe chorou com saudade da vela, assim que a luz se apagou.