As Contas da Idade

I

Tudo quanto a gente faz

Nessa vida tem um preço,

Não adiante se esquivar

Nem mudar de endereço

Pois a conta vai chegar

E você tem que pagar

Com juros e correção.

É a conta da idade

Que chega sem piedade

Quer você queira, quer não.

II

Essa conta é deferente

Das contas convencionais.

Não está nos 30%

Dos impostos anuais

Que o governo abocanha.

É uma conta muito estranha

Não tem vírgula, só tem ponto.

Pois o tempo é o credor

E não dá ao devedor

Um centavo de desconto.

III

Cada parte do seu corpo

Vai cobrar uma fatura:

O pulmão, a do cigarro

As artérias, da gordura.

O seu fígado com cirrose

Vai cobrar por cada dose

De uísque, ingerida.

Porém, a inadimplência

Maior é da consciência

No Raio-X de uma vida.

IV

E o “mapa hidrográfico”

Nas pernas de sua mulher?

É a conta do salto alto

Duvido se não vier!

Você curte futebol?

Já pensou quantas Skol,

Brahma você tomou

Na vitória do seu time?

Quebrando aquele regime...

Em fim, quem engravidou?

V

Foi você ou sua mulher?

Eu acho que foi você!

De tanto tomar cerveja;

De tanto assistir TV.

Sua barriga cresceu;

O que era pra subir, desceu;

E o que era pra descer, subiu.

Sua pressão explodiu

Causando impotência e tédio

De tanto tomar remédio

Porque não se preveniu.

VI

E aqueles refrigerantes?

O doce, o sal em excesso?

A falta de exercício

Acelerou o processo

Do seu envelhecimento.

E assim o endividamento

Da idade só piora.

A conta não vem na hora

Mas com o tempo ela vem

Quem se julgava estar bem

Ao olhar, lamenta e chora!

VII

-Meu Deus o que foi que eu fiz

Pra merecer essa artrite!

Pra carregar essa artrose!

E o diabo dessa bronquite

Que me dá falta dia ar!

Não posso nem respirar...

E o meu colesterol!

Botaram a isca no anzol

E eu mordi sem nem pensar.

VIII

Se eu soubesse não tinha

Comido tanto churrasco;

Tanto “toicim” com farinha

Fui o meu próprio carrasco

E só agora é que dei fé.

Dói a perna, dói o pé;

Dói o braço, dói a mão;

Dói os rins, o coração;

Dói por fora, dói por dentro;

Dói na borda, dói no centro;

Num tem onde doer mais não!

IX

É a conta da idade

Que chega pra todo mundo.

Pra Maria, pro José;

Pro João e pro Raimundo.

Pois o tempo é implacável!

Levar uma vida saudável

É ainda o único meio

De não salgar essa conta,

Porque a vida só desconta

Pra quem pisa o pé no freio.

X

E tem as contas com Deus

Que você tem que pagar,

Ou com o diabo, depende...

São as últimas a chegar!

Mas não vou entrar no mérito

Da questão, nem no demérito

Já que eu não sou juiz.

Afinal, estou cinte

Que chegarão brevemente

Umas continhas que fiz.

Tião Simpatia
Enviado por Tião Simpatia em 15/06/2017
Código do texto: T6028172
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