ROTINA SERTANEJA

No meu sertão é assim...

Aqui o “cabra” pra viver

Tem que ter esperteza,

Não tem essa de querer

Ficar na moleza...

O trabalho e a esperança

São combustíveis pra vencer...

Acorda ainda de madrugada,

Na bicicleta pendura uma enxada,

E na estrada vai ver o sol nascer...

Na sacola vai levando o alimento,

Rezando uma ave-maria no pensamento...

Ele pede pra chover no sertão;

Não pensa em outra coisa

Que não seja plantação;

Que venha logo chuva

Pra essa terra molhar...

Ele olha para o céu,

E continua a rezar...

O dia vai amanhecendo, o galo está anunciando...

Com o seu cantar bem alto,

Os pássaros vão acordando...

Logo se escuta o pardal e o bem-te-vi,

O golinha e a rolinha também cantam por aqui;

Chegando na roça

Deposita sua fé...

Desamarra a sacola

Pra tomar o seu café...

Começa a pegar no “trampo”,

O sol esquenta de repente...

O suor escaldante logo pinga

Na testa dessa gente...

Cantando Luiz Gonzaga,

Uma música do rei do baião...

A mão cheia de calos

Num para um minuto não...

E assim vai vivendo,

Nessa rotina todo dia,

Esperando que a semente vá crescendo,

Pra trazer muita alegria...

Pedindo a Deus com calma

Pra molhar esse torrão...

E acabar de vez com o sofrimento,

Desse povo do sertão.