Cordel para os 80 anos de minha sogra, que descansou ontem aos 87 bem vividos
Hebe é lisa, mas é forte!
Dona Amélia e seu José
tiveram três bacuri:
um home e duas muié,
todos três eu conheci.
Edina, Hebe e Horácio
não escreveram prefácio
pra chegá inté aqui.
Eu, que vim do Piauí,
terra de doido e poeta,
de lobisomem e saci,
e outras coisa secreta,
sinto imensa alegria
em recitá poesia
pra minha sogra dileta.
E vim vestido pra festa
como manda o figurino:
um par de lentes na testa
paletó de linho fino,
gravata de seda pura
dês do gogó à cintura
mode ficá mais granfino.
Pois o clima natalino,
de luz e papai Noel,
que dulcifica o destino
com a douçura do mel
deu à luz a um poema
nascido em Ibirarema,
que hoje virou cordel:
Hebe Eliza Zattoni,
muié de fibra e tutano,
construiu seu próprio nome
nesses seus oitenta ano:
passou duas promissória
que hoje tão na história
dum judeu e um baiano.
E ainda tem um plano,
se ela e se Deus quisé,
de até o fim do ano
fazer um voto de fé:
acender duzentas vela
pro caritó de Marcela
e do seu primo, José.
Todos sabem como é
a teimosia da vó.
A promessa tá de pé,
niguém vai pro caritó.
Pode escolher a igreja,
comprá uísque e cerveja,
e caixas de leite em pó.
“Di Jei” sacode um o forró
pra esquentar o salão:
um arranjo em tom maió,
roque, bolero, baião...
e aquele som de cinema
que tocava em Birarema
pouco antes a sessão.
Quem se lembrá da canção
pode informá pro “Di Jei”,
que tá com o disco na mão,
se inda toca, eu num sei.
Mas se tocá, seu Miguel,
tu vai entrá pro cordel
com honraria de rei.
Peço a todos vocês,
os amigo e os parente,
um aplauso pro “Di Jei”,
que vai tocá para a gente.
E pra aniversariante
essa muié fascinante
que Deus nos deu de presente.
Mode deixá mais contente
minha sogrinha querida,
amorosa, inteligente...
que vive de bem co’a vida,
juntei padre com rabino
paulistano e nordestino
pra temperá a comida.
Como a danada é sabida
já preparei meu sermão:
—Se tu comê escondida,
um só pedaço de pão,
vai tê que passá o dia
abaixando a glicemia
e controlando a pressão.
Vai ficá sem macarrão,
sem esfiha, sem pudim,
sem caviá, sem faisão,
doce de leite e quindim...
Vai entrá no desnatado
filé de pepino assado
salpicado de alecrim.
E num pode achá ruim,
pois tá lá na prescrição:
evita pedra no rim
reumatismo, convulsão...
e, de sobra, fortifica,
amacia e lubrifica
as valvas do coração.
Agora, vossa atenção,
pois nesse exato momento,
como manda a tradição
descrita nos mandamento,
vamos todos dar a mão
e fazê uma oração,
para os agradecimento:
Pai nosso que estais no céu,
foi feita a vossa vontade,
ela cumpre o seu papel
aos oitenta de idade:
Hebe Elisa Zatoni
faz louvor ao vosso nome
com muita dignidade.
Lutou, na diversidade,
pelo pão de cada dia,
com sua irmã, na verdade,
e suas duas Maria.
Hoje vovó, mãe e sogra,
sai da Sé pra sinagoga
pra fazê filantropia.
Bendito seja esse dia,
que vai ficá na lembrança!
Muita paz , muita alegria,
comida, bebida e dança.
À minha sogra querida,
desejo anos de vida
e três terços da herança.
Hebe é lisa, mas é forte!
Dona Amélia e seu José
tiveram três bacuri:
um home e duas muié,
todos três eu conheci.
Edina, Hebe e Horácio
não escreveram prefácio
pra chegá inté aqui.
Eu, que vim do Piauí,
terra de doido e poeta,
de lobisomem e saci,
e outras coisa secreta,
sinto imensa alegria
em recitá poesia
pra minha sogra dileta.
E vim vestido pra festa
como manda o figurino:
um par de lentes na testa
paletó de linho fino,
gravata de seda pura
dês do gogó à cintura
mode ficá mais granfino.
Pois o clima natalino,
de luz e papai Noel,
que dulcifica o destino
com a douçura do mel
deu à luz a um poema
nascido em Ibirarema,
que hoje virou cordel:
Hebe Eliza Zattoni,
muié de fibra e tutano,
construiu seu próprio nome
nesses seus oitenta ano:
passou duas promissória
que hoje tão na história
dum judeu e um baiano.
E ainda tem um plano,
se ela e se Deus quisé,
de até o fim do ano
fazer um voto de fé:
acender duzentas vela
pro caritó de Marcela
e do seu primo, José.
Todos sabem como é
a teimosia da vó.
A promessa tá de pé,
niguém vai pro caritó.
Pode escolher a igreja,
comprá uísque e cerveja,
e caixas de leite em pó.
“Di Jei” sacode um o forró
pra esquentar o salão:
um arranjo em tom maió,
roque, bolero, baião...
e aquele som de cinema
que tocava em Birarema
pouco antes a sessão.
Quem se lembrá da canção
pode informá pro “Di Jei”,
que tá com o disco na mão,
se inda toca, eu num sei.
Mas se tocá, seu Miguel,
tu vai entrá pro cordel
com honraria de rei.
Peço a todos vocês,
os amigo e os parente,
um aplauso pro “Di Jei”,
que vai tocá para a gente.
E pra aniversariante
essa muié fascinante
que Deus nos deu de presente.
Mode deixá mais contente
minha sogrinha querida,
amorosa, inteligente...
que vive de bem co’a vida,
juntei padre com rabino
paulistano e nordestino
pra temperá a comida.
Como a danada é sabida
já preparei meu sermão:
—Se tu comê escondida,
um só pedaço de pão,
vai tê que passá o dia
abaixando a glicemia
e controlando a pressão.
Vai ficá sem macarrão,
sem esfiha, sem pudim,
sem caviá, sem faisão,
doce de leite e quindim...
Vai entrá no desnatado
filé de pepino assado
salpicado de alecrim.
E num pode achá ruim,
pois tá lá na prescrição:
evita pedra no rim
reumatismo, convulsão...
e, de sobra, fortifica,
amacia e lubrifica
as valvas do coração.
Agora, vossa atenção,
pois nesse exato momento,
como manda a tradição
descrita nos mandamento,
vamos todos dar a mão
e fazê uma oração,
para os agradecimento:
Pai nosso que estais no céu,
foi feita a vossa vontade,
ela cumpre o seu papel
aos oitenta de idade:
Hebe Elisa Zatoni
faz louvor ao vosso nome
com muita dignidade.
Lutou, na diversidade,
pelo pão de cada dia,
com sua irmã, na verdade,
e suas duas Maria.
Hoje vovó, mãe e sogra,
sai da Sé pra sinagoga
pra fazê filantropia.
Bendito seja esse dia,
que vai ficá na lembrança!
Muita paz , muita alegria,
comida, bebida e dança.
À minha sogra querida,
desejo anos de vida
e três terços da herança.