O CORVO E O PAVÃO
Um danado de um pavão,
Vivia a se esnobar,
Achando se o mais belo,
Daquele nobre lugar,
E desprezava o corvo,
Na arte de humilhar.
De roda aberta estava,
O orgulhoso pavão,
As penas forma de leque,
Com desprezo ao corvão:
-Repare como sou belo,
Não acha ó bicudão?
-Aprecie as minhas plumas,
Elas são lindas, riqueza,
Sou a ave mais famosa,
Em toda a natureza,
Também a mais perfeita,
No sinônimo da beleza.
O corvo olhando de lado,
Pensou na sua resposta:
- Não há dúvida que você
Tem a beleza exposta,
Porém não será perfeito,
Alto lá! Ninguém não gosta.
A revolta dominou,
Aquele lindo pavão,
Passou insultar o corvo,
Usando de palavrão:
-Bicho preto e capenga,
-É de penas um tição.
Agourento desgraçado,
Tu queres me criticar,
Me responda no momento,
Que falhas pode apontar,
A natureza me ama,
Quando fez meu planejar.
Mas o corvo respondeu,
Com olhos da indagação:
Seu orgulho agora cai,
Ó grandioso pavão,
O que você tem nas penas,
Falta nas patas do chão.
Por isso que a natureza,
Desejou equilibrar,
A pata envergonharia,
Outros bichos a brilhar,
Até mesmo sendo eu,
Me entregaria a chorar.
O pavão no seu orgulho,
Nunca tinha reparado,
Que os seus próprios pés,
Era bem desajeitado,
Observou longamente,
E ficou desapontado.
Continuou seu caminho,
Sem coisas a replicar,
A lição foi muito forte,
Para nunca se esquivar...
Que beleza não é tudo,
Deixe humildade brilhar.
O corvo já tinha dito,
“Beleza sem o senão”
Os verdadeiros valores,
Só nascem no coração,
Por isso nesse cordel,
Ficou a nobre lição.
Justamente nessa história,
Muita coisa a meditar,
A beleza que externa,
Requer sempre um pensar,
Inveja e muito orgulho
O sentido é derrubar.
OBS:Versão em Cordel baseada na fábula de Monteiro Lobato