Conto de ACS - Agente Comunitário de Saúde

Conto de ACS - Agente Comunitário de Saúde

Autora: Maria Celma da Silva

Minha gente eu vou contar

Com muita admiração

Sou Agente de Saúde

Pessoa de coração,

Pertenço à comunidade

E essa é minha função.

Adentro a casa do outro

Com respeito e com cuidado

Anoto as informações

Olhando pra todo lado,

Sempre atento ao que ouço

De tudo que foi falado

Encontro em certas famílias

Casos “bonitos” e “feios”

Encubro meus sentimentos

E os sentimentos alheios,

Para evitar mais confrontos

Tratando-os em outros meios

Em cada casa eu encontro

Um caso bem parecido

São lamúrias e agravos

Do povo desprotegido,

Mas tento fazer bem feito

Tudo que me foi pedido

Com angústia e desespero,

As vezes sou abordado

Mas, com muita confiança

E o coração apertado,

Por vezes me saio bem

Sem que seja maltratado.

Nem sempre vem a tristeza

Sinto-me também feliz

São muitos que me agradecem

Por tudo que já lhes fiz,

Confesso que faço pouco

Sou apenas aprendiz.

Um aprendiz de humano

Nessa vida tão ingrata

Em que o homem oprimido

Mesmo inocente retrata,

Um sofrimento escondido

Na história que relata

Tem casas que são mais simples

Só chego até o portão

Têm pessoas EDUCADAS

Quem tiveram opção,

De poder fazer escolhas

Sem sofrer humilhação.

Não posso culpar ninguém

Pela carência evidente

Mas posso dar atenção

Lidando com essa gente,

Que me acolhe com carinho

Como pessoa decente

Há lances que são marcantes

São conversa informais

Guardarei a sete chaves

Não lhes contarei jamais,

São histórias em segredo

Casos confidenciais

Abomino o preconceito

Qualquer descriminação

Respeito cada indivíduo

Evitando confusão,

Temos os mesmos direitos

Precisamos de união

Da saúde eu sou os pés

Que vão atrás dessa gente

Descubro grupos de risco

Faça isso consciente,

Não quero mostrar trabalho

Só quero ser competente

Peço desculpas meu povo

Por tudo que estou dizendo

Falar o que eu não devo

Não é o que eu pretendo,

Desabafar é preciso

Se o peito está corroendo

Não quero aqui parecer

Que necessito de pão

Embora é certo dizer

Que isso é coisa de irmão,

Eu luto por uma causa

E sigo com o pé no chão.

Conheço o homem de perto

Sua angústia e anseio

Sou companheiro melhor

Até do seu devaneio,

Falo com propriedade

Do que é bonito e é feio

Quero falar a verdade

Com força e segurança

Não quero ver sofrimento

Quero lhe dar confiança,

Para tentar prosseguir

Com garra e perseverança.

Não dou conta do recado

Nem posso dizer que sim

Apenas faço o que posso

Seja bom seja ruim,

Se conseguisse eu faria

Mas não depende de mim.

Depende de muitas coisas

Pra resolver um problema

Não é vontade maldosa

De quem arruma essa cena,

A cidade é muito grande

Eu tenho certeza plena.

Eu posso lhe assegurar

Que tem muita gente boa

Que faz muito pelo povo

Trabalha e nunca enjoa,

Importa-se e não desiste

Por isso Deus lhe abençoa.

Pertenço a esse povo

Também quero ser cuidado

Não gosto de sofrimento

Por isso, mando um recado,

Busco remédio pra alma

Que o corpo já tá sarado.

Parece até mais um sonho

Querer cuidado profundo

Mas quem disse que sonhas

Não é coisa desse mundo,

Posso não ser o primeiro

Mas tento ser o segundo.

O sonho é coisa engraçada

Faz transparecer o belo

Mas o que custa sonhar

Se isso é muito singelo,

Enquanto a morte não chega

Construo o meu castelo

Sou Agente de Saúde

“Um ser humano completo”

Consigo dar atenção

E vejo muito de perto,

A demanda de um povo

Que luta pelo o que é certo.

Desprotegido na rua

Tento prestar atenção

Na subida e na descida

Sigo minha direção,

E faço minha visita

Com muita dedicação.

São tantas as caminhadas

Que nem preciso malhar,

Vivo em busca de saúde

E posso lhe assegurar,

Que a saúde dessa gente

Ainda vai melhorar.

“Exerço” muitos papeis

Dentro da minha função

Depende de quem encontro

De quem me pede atenção,

Falo de qualquer assunto

E não faço distinção

Preciso lhe confessar

Por vezes fico cansado

Mas tento me controlar

Não quero ser estressado,

Sou companheiro de luta

Não posso ficar calado

Por vezes vem a tristeza

Que tenta me derrubar

Mas busco força no peito

Que possa me motivar,

E sigo em frente na luta

Coragem não vai faltar

Agente é força é talento

É muita sabedoria

Recebo apoio da equipe

Respeitando quem me guia,

São pessoas engajadas

Gente de categoria.

Como Agente desenvolvo

Dentro da minha função

Atividades diversas

Sempre com boa intenção,

Promovendo a saúde

Levando orientação.

Poderia até fazer

Muito mais por essa gente

Porém, é certo dizer,

Que sou muito consciente

Sobre o que quero o que posso

E devo como um Agente.

Minha função me permite

Garantir o que lhes conto

Não se restringe a visita

Por vezes eu fico tonto,

Se achar que exagero

Peço, dê-me um desconto.

Pra terminar me despeço

Com muita satisfação

Peço desculpa por tudo

Que falei sem ter razão,

Quero dizer-lhe apenas

Que foi de bom coração

Poderia demorar

Horas a fio contando

Mas eu sei o meu lugar

Sei que estou incomodando,

Por isso digo até logo

E já vou me retirando

Retiro-me com saudade

Fiz o melhor que pude

Espero que você goste

Peço que Deus me ajude,

Sigo minha caminhada

Com força, amor e atitude

A história aqui cantada

Não é conto de vigário

Também não quis ofender

Pois não tenho adversário,

Quis lhes mostrar rotina

Do AGENTE COMUNITÁRIO.

Maria Celma
Enviado por Maria Celma em 05/06/2017
Reeditado em 07/06/2017
Código do texto: T6018603
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