Mas se o ano é bom de chuva, baixa o preço do feijão.
um agricultor confia
no bom tempo do “inverno”
pois se lembra do inferno
que na terra ele via
no brejo não tinha jia
nem acuava o cancão
na mesa não tinha pão
e nem cortava a saúva
mas se o ano é bom de chuva
baixa o preço do feijão.
ele espera o ano inteiro
para forrar o seu bolso
faz um bico pega um roço
nas juremas da estrada
mal acerta a enxada
na feira do barracão
ouve a notícia então
que o feijão tá que nem uva
mas se o ano é bom de chuva
baixa o preço do feijão
a penúria do valor
ao comprador não é ruim
só não fica bem assim
o pobre do agricultor
que na sova do calor
e no calejar da mão
não arruma um tostão
pra comprar um par de luva
mas se o ano é bom de chuva
baixa o preço do feijão
o rio que passa perto
de um lugar muito longe
nem peregrino nem monge
por aqui não dará certo
o futuro fica incerto
e o lucro na contramão
do feijão o preço então
não dá pensão à viúva
mas se o ano é bom de chuva
baixa o preço do feijão
se não houver incentivo
a coisa não vai mudar
a agricultura do lar
vai perder o seu cultivo
basta um pouco de motivo
pra verdejar o sertão
fica aqui a sugestão
de adular a “viúva”
mas se o ano é bom de chuva
baixa o preço do feijão
quando falo de “adular”
à política me refiro
desse pacto me retiro
prefiro mesmo é penar
é melhor o pão faltar
que viver na sujeição
sob os rumos da eleição
pra ser servil à “viúva”
mas se o ano é bom de chuva
baixa o preço do feijão
o descaso que acontece
todo ano com o povo
que é enganado de novo
mas depois o povo esquece
só o grande enriquece
pois fortalece a nação
ao estender sua mão
de adular a “viúva”
mas se o ano é bom de chuva
baixa o preço do feijão