Erro cético
Há alguns anos atrás
Num rincão do interior
Uma história de terror
Aconteceu com um rapaz
Que atingido por traz
Por José de Almerinda
Teve a sua vida finda
Mas o médico embriagado
Não percebeu que o finado
Não era finado ainda
Ninguém tinha percebido
Nem até mesmo o doutor
Que assinou tal horror
Por estar tão distraído
E o óbito foi escrito
Digitado por Arlinda
Mas o médico na berlinda
De tanto contar seu gado
Não percebeu que o finado
Não era finado ainda
Sepultaram sem demora
Em túmulo de alvenaria
Já terminava o dia
Quando o povo vinha embora
Com pouco mais de uma hora
Uma moça ouviu na vinda
“Era o grito de Seu Dinda!”
Mas o povo tão lesado
Não percebeu que o finado
Não era finado ainda
A tal moça sem mistério
Indagaram, sem receio
Perguntaram: de onde veio?
Veio lá do cemitério!
Ora vamos, fale sério!
Como pode ser Seu Dinda?
Filho de Dona Florinda?...
Mas o padre relaxado
Não percebeu que o finado
Não era finado ainda
Foi então que arrombaram
A parede ainda fresca
Claudionor de Valesca
E Seu Bento se assustaram
Ao contar o que notaram
Viram logo a mão de Dinda
Que forçou a tampa ainda
Mas o coveiro, coitado
Não percebeu que o finado
Não era finado ainda