Erro cético

Há alguns anos atrás

Num rincão do interior

Uma história de terror

Aconteceu com um rapaz

Que atingido por traz

Por José de Almerinda

Teve a sua vida finda

Mas o médico embriagado

Não percebeu que o finado

Não era finado ainda

Ninguém tinha percebido

Nem até mesmo o doutor

Que assinou tal horror

Por estar tão distraído

E o óbito foi escrito

Digitado por Arlinda

Mas o médico na berlinda

De tanto contar seu gado

Não percebeu que o finado

Não era finado ainda

Sepultaram sem demora

Em túmulo de alvenaria

Já terminava o dia

Quando o povo vinha embora

Com pouco mais de uma hora

Uma moça ouviu na vinda

“Era o grito de Seu Dinda!”

Mas o povo tão lesado

Não percebeu que o finado

Não era finado ainda

A tal moça sem mistério

Indagaram, sem receio

Perguntaram: de onde veio?

Veio lá do cemitério!

Ora vamos, fale sério!

Como pode ser Seu Dinda?

Filho de Dona Florinda?...

Mas o padre relaxado

Não percebeu que o finado

Não era finado ainda

Foi então que arrombaram

A parede ainda fresca

Claudionor de Valesca

E Seu Bento se assustaram

Ao contar o que notaram

Viram logo a mão de Dinda

Que forçou a tampa ainda

Mas o coveiro, coitado

Não percebeu que o finado

Não era finado ainda

Bosquim
Enviado por Bosquim em 20/05/2017
Código do texto: T6004642
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