A chegada de Michel Temer no Inferno
Batizado com esse nome
É mesmo para temer,
Pois parece aquele verbo
Criado pra estremecer
Todo mundo se amedronta
Somente de ouvir dizer.
Ele foi para o inferno
Buscar força pra mandar
Acabou com o capeta
Destruiu tudo por lá
Em Brasília fez morada
Para tudo esculhambar.
Duelou com Satanás
Pra ver quem era o pior
Quem fazia mais maldades
Bater no povo sem dó;
Em falando de maldade
Nosso Temer é bem melhor.
Ele entrou para a política
Aliado com o demônio
Casou-se com a mentira
Esse safado medonho
Pra dar golpe no país
E fazer um pandemônio.
O capeta desistiu
De lutar com o temeroso
Porque perdeu na labuta
Com o chifrudo tinhoso
E deixou o cão da porra
Morder o povo medroso.
Mas quem disse que o bicho
Parou de fazer maldade?
Aproveitou que o capeta
Deixou a nossa cidade
Pra castigar cada gente
Fazendo perversidade.
Primeiro tomou o cargo
Pra ser nosso presidente
Botou pra fora a eleita
Socou-lhe um murro nos dentes
Sentou na cadeira dela
E caminhou para frente.
No cargo ele amuou
Ficou sentado e fingido
Fazendo cara de bobo
Porque tava protegido
Pela turba alucinada
Que lhe apoiou com mugido.
Dançou na cara da gente
E fez cara de mocinho
Acenou com a mão de figa
Ficou falando sozinho
Mas aos poucos se mostrou
Um safado de vizinho.
Primeiro foi ao Congresso
E comprou a cada um
Deu dinheiro a deputado
E também guardou algum
Deu um pouco a senador
Amordaçou um a um...
Chamou logo empresários
Pra comandar a nação
Ministério para quem
Foi comer em sua mão
Fez contrato com a mídia
Pra nunca lhe dar um não.
Nossa justiça comprada
Fez pra ele um grande altar
Disse que o bicho era bom
Que não ia processar
Mesmo se o cabra roubasse
40 bi pra guardar...
Temer foi denunciado
Em delação premiada
Mas o bicho é tinhoso
De tudo ele fez piada
Não pode ser processado
Está com a boca trancada.
Buscou gente do país
Pra também lhe apoiar
Pagou caro por abraço
E quem pudesse beijar
Acabou com a oposição
Fez todo mundo calar...
Chegou pro aposentado
E cortou os seus direitos
Abaixou o seu salário
Meteu a mão no seu peito
Tomou a senha da conta
Foi assim e desse jeito.
Quem quiser viver de boa
No tempo que aposentar
Vai trabalhar até morrer
Mas depois pode voltar
Pede logo exumação
Para poder desfrutar.
Quem pagou por trinta anos
Não pode nem reclamar
Porque se fala, apanha;
Não pode nem resmungar
A polícia baixa o cacete
Para o povo se calar.
40 anos é pouco
Pra matar de trabalhar
Pois o povo aqui é forte
E aguenta se danar
Gente velha tem é força
Tem mesmo que se lascar.
Chamou o trabalhador
E aumentou sua jornada
Trabalho agora é assim:
Se não quiser, não tem nada;
Trabalhar só por comida
E não reclama, cambada!
Quem quiser um bom emprego
Que viaje pro exterior
Pois na terra do Brasil
Vamos tocar o terror
Nossa terra é para poucos
Pra quem gosta de horror.
Hora extra agora é grátis
Não tem mais décimo terceiro
Acabou FêGêTêESSE
Acabou o teu dinheiro
Afundou I-ENE-ESSE-ESSE
Para quem é brasileiro.
A Petrobras foi vendida
Não temos nem o pré-sal
Quem vai cavar nosso chão
É gente de fora e tal
Brasileiro não tem vez
Se não gostar, cai no pau.
Quem quiser um bom emprego
Vai ter muito que esperar
Pois nossa grana é investida
Pra banqueiro se safar
Quanto mais o povo sofre
Melhora as contas de lá.
Escola agora é paga
Quem quiser vai estudar
Mas a grana vem na frente
Só estuda quem pagar
Quem reclama toma uma bifa
Pois não pode reclamar.
Aeroporto vendido:
Se você quiser voar
Vai pagar uma boa grana
Somente para entrar
Se entrar no avião
Mais dinheiro vai mostrar.
As estradas são privadas:
Se tu quiser caminhar
Dirigir ou dar uma volta
Pedágio vai encontrar
Se não paga ao empresário
Tu não pode circular...
Cada porto não é nosso
Cada um já foi vendido
Os navios que vão chegando
Deixando o povo falido
Leva grana e riqueza
Pra país desenvolvido.
Lei Kandir é passaporte
Pra roubar nosso país
- Chega aí, minha amizade,
Nós temos um chamariz,
Leva tudo sem pagar,
Arranca até a raiz.
Aviação abriu o campo
Pra quem quiser investir
Vem gente do exterior
Ganhar dinheiro aqui
Já tá tudo liberado
Carregue tudo daqui.
Se tu quer um hospital
Vai te lascar no inferno
Não tem mais atendimento
Pois tu não tá no caderno
Só entra quem tem dinheiro
É o sistema moderno.
Escola de graça acabou
Vai falar com satanás
Faculdade se fechou
Merenda não temos mais
E se tu achou ruim
Pega a fila, lá atrás.
O Ciência Sem Fronteira
Não tem lugar pra você
Aqui não tem mais frescura
Acabou-se o saber
É melhor tu ficar burro
E a mim obedecer...
O terreno do Brasil
Agora é do estrangeiro
Se tu quiser um pedaço
Me pague muito dinheiro
Pois vendi tudo pra gringo
Porque chegaram primeiro.
Mata pobre e mata negro
Esculhamba com polícia
Não deixa nada na pista
Pra não sair na notícia
E mesmo que tenha prova
Já compramos a justiça.
Toda água do planeta
Nós vamos mandar secar
Trazer deserto ao país
Para o povo se lascar
Quem quiser beber um gole
Só bebe se me pagar.
As florestas toca fogo
Planta grama e bota boi
Entrega pra fazendeiro
O tempo bom já se foi
Quem entrar leva uma bala
Na testa, cara ou no “oi”.
Mata índio e mata pobre
Quem quiser plantar comida
Porque a terra é minha
É parte da minha vida
Não deixo pobre entrar
Não entra gente sofrida.
Vou vender cada terreno
Leva quem tiver dinheiro
Brasileiro não tem vez
Vou vender pro estrangeiro
Sou o dono disso tudo
Aqui eu cheguei primeiro.
Doente e necessitado
Vou botar pra se lascar
Aposentar essa gente
Eu mesmo não vou deixar
Quem quiser ganhar dinheiro
Só se morrer e voltar.
A saúde se acabou
Porque o SUS vou fechar
Só tem direito agora
Aquele que me pagar
Uma vacina é um dólar
Faça a fila pra tomar.
Comida pra tanta gente
Eu mesmo não vou pagar
Ou morre todos de fome
Ou eu mesmo vou matar
Quem quiser comer aqui
Vai cair no meu manguá.
O capeta arrepiou
Deu um pulo para trás
Entregou sua medalha
Para nosso capataz
Que assumiu novo nome:
Ele agora é Satanás!
Valdeck Almeida de Jesus
10 de maio de 2017
O cordel "A chegada de Michel Temer no Inferno" é uma crítica política contundente e satírica sobre o ex-presidente Michel Temer e sua gestão no Brasil. O autor utiliza uma linguagem forte e direta para expressar sua indignação e descontentamento com as ações do governo liderado por Temer.
O texto descreve Temer como uma figura ameaçadora e temida, comparando-o ao próprio demônio, e ressalta seu envolvimento em escândalos políticos, corrupção e ações que prejudicaram a população brasileira.
O cordel destaca a forma como o governo Temer foi marcado por medidas impopulares, como a reforma da previdência, a privatização de empresas estatais, o congelamento de gastos públicos, entre outras. Também aborda a denúncia de corrupção contra Temer, que foi alvo de investigações durante seu mandato.
Através da sátira e do uso de metáforas, o autor denuncia a falta de sensibilidade do governo com as necessidades do povo, a falta de investimento em setores essenciais como saúde e educação, e o desrespeito aos direitos dos trabalhadores e aposentados.
O cordel critica a venda de patrimônio nacional, como a Petrobras, e a perda de autonomia e recursos do país para investidores estrangeiros. Também menciona a degradação ambiental e a exploração de recursos naturais em benefício de interesses econômicos.
Ao longo do poema, o autor faz uso de uma linguagem coloquial e popular, característica do cordel, para tornar a mensagem mais acessível e impactante para o público. Ele aborda questões sociais, econômicas e políticas do Brasil, retratando um cenário de desespero e desesperança.
Em suma, o cordel "A chegada de Michel Temer no Inferno" é uma obra literária que utiliza a poesia popular para transmitir uma crítica ácida e satírica à gestão do ex-presidente Michel Temer, retratando-o como uma figura negativa e prejudicial para o país. O texto reflete o sentimento de muitos brasileiros diante dos acontecimentos políticos e sociais do período em questão.