Que visão fantástica

Se não me falha a memória

Se não houve confusão

Este fato aconteceu

No dia de São joão

Lá pras bandas do nordeste

Bem no meio do sertão

Onde um cego de nascença

Jeremias afamado

Pra lá dos setenta anos

Já meio acabrunhado

Começou a demonstrar

Que era desmiolado

Vivia contando lorota

Onde pedia esmola

Histórias de lobisomem

Tirava de sua cartola

Com as bobagens que contava

Enchia sua sacola

Pois o povo é meio artista

Gosta de ficção

De prosa,de fantasia

Da vida aqui do sertão

Quando se conta mentira

Conta só por diversão

Mas a história do cego

Que foi visitar a lua

Nada possui de mentira

Só se for mentira sua

Que não pode ver aquilo

Que Jeremias viu na lua

Embora nascido cego

Olhava o céu sm parar

Dizia que a natureza

Foi feita pra admirar

Que só tinha uma tristeza

De não poder enxergar

Tentava então entender

O mundo pela audição

E ouvia muito bem

Já timha convicção

Que também pode enxergar

Mesmo não tendo a visão

Olhando então para longe

Na direção do horizonte

Viu em forma de estrela

Em um letreiro gigante

- Seu nome é Jeremias

Um cavaleiro andante!

Do lado deste letreiro

Um grande baú dourado

Jeremias chegou perto

Viu que estava fechado

Em cima escrito:Entre!

Você não ta enganado

E jeremias entrou

Logo obedeceu

E voc~e nem advinha

O que foi que aconteceu

E pra falar a verdade

Nem você mesmo nem eu

Jeremias flutuava

E não era culpa sua

Essa é a pura verdde

Verdade nua e crua

O baú dourado era

A passagem para a lua

A primeira novidade

Que o cego viu por lá

Era a máquina de vento

Que fazia flutuar

E um anjo responsável

Em fazer funcionar

Ele olhava aquilo

Quase não acreditando

Pois o anjo trabalhava

Como quem tava dançando

Quando a máquina parava

O anjo ia soprando

Na lua o cego encontrou

Um escritor de cordel

Que escrevia cantando

Mas não usava papel

Seus versos eram gravados

No canto esquerdo do céu

Jeremias encantado

via cada loucura

um homem todo banguela

mastigando rapadura

e uma sopa gelada

de bunda de tanajura

De repente aquela máquina

Foi aos poucos parando

Jeremias percebeu

Que não estava flutuando

Estava em cima da cama

Pois ele tava sonhando

Anastácia julho/2007

Anastácia
Enviado por Anastácia em 09/08/2007
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