A BRIGA DO HOMEM COM O MOSQUITO

O homem se julga forte

E o ser mais inteligente

Do nosso reino animal.

Mas um inseto inocente

Pequeno invertebrado

Que não tem sequer um dente

Sem mãos para trabalhar

Criou poderoso veneno

Quando injetado no homem

Por esse ser tão pequeno

Causa dor no corpo todo

Da cabeça ao duodeno.

Esse inseto tão pequeno

Já matou milhões de pessoas

Quem é picado por ele

O veneno não perdoa.

Mata criança, jovem, velho.

Quem sara não fica na boa.

O homem com sua prepotência

Gasta milhões de dinheiro

Para construir uma bomba

Faz fábrica e estaleiro

O pequeno inseto faz

Todo veneno num bueiro.

O homem precisa de luz,

Máquinas, processador,

Matéria-prima, muitos homens

Também de fornecedor,

Local para armazenar

E até transportador.

Mas já o pequeno inseto

Que por nós é desprezado

Tem fábrica dentro dele

E o seu transporte alado

Não gasta com combustível

E nos deixa preocupado

Pois para ele nos matar

É fácil e bem barato.

Mas para se defender

O homem cria um aparato:

Desde a pulverização

Da raquete ao termostato.

O homem gasta milhões

Para matar outras pessoas.

Mas não acaba com o inseto

Que vive bem, numa boa.

O inseto pra matar o homem

Dá uma picada e voa.

O homem pra se defender

Apela pra medicina

Cria um monte de remédio

Da sulfa à penicilina.

Já o inseto se defende

Na água da piscina.

Febre amarela, malária,

Dengue, chicungunha e zica.

Tudo isso vem de um inseto:

Mata igual cobra que pica.

Quem escapa do veneno

Com grande sequela fica.

O homem na sua soberba

Se acha um ser superior.

Mas que vence esta briga,

Aqui e no interior,

É um ser bem pequeno

Que a nós é “inferior”.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, MAIO/2017