Meu míi
Meu mii tá dispaiado
Tem cuzide tem assado
Tem canjica peu cumê.
Meu feijão tá dibuiado
E também tá cuziado
Dá gosto da gente vê.
Eu pensei e fiz uns prano
Foi no cumeço do ano
Que cumeçô a chuvê
Um terreneu arrumei
E os caroçu interrei
Cumeçô logá nascê.
Aí eu fui na budega
Ua bota de sete légua
E ua inxada comprei
Pra mode eu capiná
Um pau eu pude arrumá
E na inxada incabei.
De dia ouvia o chiado
De noite era o roncado
Da chuva e do trovão
E crescia no roçado
E amanhecia animado
O meu mii e o feijão.
Canjica pra eu cumê
E dispois agradecê
Com o meu bucho isticado
De noite mim contorceno
Com o meu bucho doeno
Purque tarrimpansinado.
O meis de mai tá chegano
O abril já tá passano
Pro século sem fim amém.
E junho se aproximano
São João se arrumano
Qué pra mode vim também.
Canjica e mugunzá
Pamonha e vatapá
Mii assado na foguera
Passo fogo ká cumade
Pra dela sê o cumpade
Issé boa brincadera.
Aí vai tê Gonzagão
Soltano o seu rojão
Pra mode arrastá o pé.
Santantoi e são João
Fazeno arrumação
Pra nois arrumá muié.
Grazadeus eu tô filiz
Pelo punhado que fiz
Cum a inxadi cá fé
No roçado trabaino
E muito suó pingano
Duis meuzoi até os pé.
A Deus eu sempre que rezo
Pois este pai num disprezo
Pois ele mim abençuô
Chuva, truvão, ventania
Corage e alegria
Pra nois que ele mandô.
Carlos Jaime