PARABÉNS CARLOS DELMIRO
POR SUA VIDA DE LUTA
(60 ANOS DE DIFICULDADES E DESAFIOS)
Meu Bom Deus, Pai de Bondade,
Eu vos peço inspiração
Para contar a história
De vida de um cidadão
Nordestino - um lutador
Que sempre mostrou amor
Pelo Sertão, seu torrão.
Seu nome CARLOS DELMIRO
É filho de Júlia Brás
E de Manoel Delmiro,
Um casal de muita paz!
Pobre, mas rico em bondade.
Seres onde a caridade
A sua morada faz.
Ele foi final de rama
Do casal de agricultores,
Seus pais, semianalfabetos,
Porém da vida doutores
De saberes que o Bom Deus
Deu aos dois para que aos seus
Servissem de professores.
Carlos nasceu em abril
Do ano 57[i]
Sendo 27 o dia
Ao que aqui se remete.
Já nasceu com privilégios,
Tendo alguns direitos régios
Que só a si lhe compete.
Tendo a sorte de nascer
Em uma maternidade,
A Senhora de Santana
Que ficava na Cidade,
A de Santana do Matos.
Eu afirmo que estes fatos
É pura realidade.
A parturiente foi
Levada no caminhão
Do Seu Zé Moura, que era
A “SAMU” da região,
Por uma estrada de barro,
Pedra miúda e piçarro.
A melhor na ocasião.
Chegando em casa o bebê,
Como sendo o mais novinho,
Recebeu de todo mundo
Dengos, cheiros e carinho.
Atenção especial
Foi dada pelo casal
Àquele ser miudinho.
Seus irmãozinhos ficavam
Em um buraco no chão
Para aprender a sentar.
Era o costume de então.
Para Carlos, com cuidado,
Foi logo um carro engendrado
Com caixote de sabão.
Quando se ia à cidade
E precisava leva-lo,
Tinha até bebê conforto
Para poder transporta-lo:
Era um caçuá forrado
Com pano velho rasgado,
Num jumento ou num cavalo.
Durante toda a infância
Foi muito, muito levado!
Mas sendo muito querido
Sempre foi paparicado.
Sendo da família o dengo,
O que vinha do seu quengo
Sempre se achava engraçado.
Se um pintinho pequenino
Pegava para brincar,
Puxava no seu pescoço
Acabando por matar
O mesmo. Mas, apanhavam
Os irmãos que só ficavam
Sem intervir, a olhar.
Brincadeira de curral
Era a sua preferida;
Os ossos de boi viravam
Boiada - criavam vida
Na cabeça criativa
Daquela criança ativa,
Inquieta e destemida.
Frutas do pereiro abertas
Transformavam-se em galinhas.
De pano ou espigas novas
Do milho, as bonequinhas.
Com o que Carlos brincava,
Quando parado ficava,
Com as suas irmãzinhas.
Faziam aniversários
Das bonecas com castanha
De caju. Teve uma infância
Livre, onde só quem ganha
É o ser que ao ser liberto
Persegue o caminho certo.
Da vida, assim, não apanha.
Falemos de como foi
Que ele aprendeu a andar
A cavalo. - Pra começo
Ele passou a domar
Um carneiro que tornou-se
Seu amigo - acostumou-se
Com o mesmo a lhe cavalgar.
Assim, pequenas viagens
No carneiro ele fazia.
Palestina e Curral Novo,
De um lado ao outro ele ia
Montando o seu companheiro
De aprendizado, o carneiro,
Também sua companhia.
A sua irmã Dagmar,
A professora local,
Foi a sua educadora
Já na fase inicial,
O Primário[ii], que ia até
A 4ª série. E, com fé,
Chegar ao Ginasial[iii].
Porém sua mãe, sonhando
Em transforma-lo em “doutor”,
Pagou aula de reforço
Demonstrando o seu amor:
Dona Bastinha, seguida
Pela Dona Margarida
Pra reforçar o teor.
Foi Carlos para a cidade
Pra poder continuar
Os estudos, com as irmãs.
Já começou se soltar!
Na praça à noite ficando
Até tarde, paquerando,
Nada a lhe preocupar.
Mas havia o Juizado
De Menores como tinha
Rafael Pinheiro, o primo,
Na equipe que o detinha
Antes que algo ocorresse
De mal ou que acontecesse
Alguma coisa daninha.
Se havia desconfiança
Que ele estivesse envolvido
Em qualquer coisa adversa
O caso era resolvido.
Tica ou Graça era avisada.
Não deixavam passar nada
Que envolvesse o “protegido”.
Sempre muito vaidoso,
Cuidadoso com a aparência,
Gostava de roupas limpas,
Bem passadas, de excelência...
Um rapazote levado
Mas que andava bem cuidado,
Merecendo reverência.
No ano 76[iv],
Já tendo o Ginasial,
Sua mãe logo tratou
De manda-lo à Capital,
Para ele continuar
Seus estudos, se formar.
Mas faltava-lhe o “real”.
Para poder se manter
Teria que trabalhar!
Seu cunhado Gilvan Gois
Logo tratou de ajudar:
Na Loja do Mini Preço
Do Tirol, por ter apreço
Ao mesmo, o pôs pra embalar.
Não se sentia à vontade
Quando se via obrigado
A empurrar um carrinho
De compras quando mandado
À casa dos seus parentes,
Por si, vistos diferentes.
Sentia-se envergonhado
Pois, vaidoso que era,
Não queria aparecer
A empurrar os carrinhos
De compras. Todo o seu ser
Sentia-se rebaixado,
Menor, diferenciado,
Quando queria crescer.
Ainda no mesmo ano,
Como já havia cortado
O cordão umbilical,
Mesmo se vendo afetado
Com o choro da mãe querida,
Decidiu por dar à vida
Novo rumo noutro Estado.
A mamãe que o apoiava
Em qualquer ocasião,
Querendo ver seu filhote
Dono da situação:
Crescer financeiramente,
Como pessoa..., consente,
Mas cheia de comoção.
Permite que Valdemiro[v],
Seu irmão, que vai lhe dar
Todo o apoio necessário,
O leve para morar
Consigo em Belo Horizonte.
Talvez ali fosse a fonte
Pra na vida se arranjar.
Com o irmão, primos e amigos:
Os irmãos Lúcios; Pereira;
Clóvis e Melo; morou
Um mês. Inda que não queira
Afirmar, Carlos Delmiro
Pensou: - Morar só prefiro.
“Estou marcando bobeira!”
Reservado e organizado,
Decidiu por morar só.
Foi mesmo a prova de fogo!
Mas desatou esse nó.
Aprendeu a cozinhar,
A lavar e a passar
Da camisa ao paletó.
Enfrentando as noites frias,
Tendo que se acostumar
Com a diferença de clima,
Sem parar pra descansar.
Trabalhando e estudando,
Um bom futuro almejando,
Na luta para alcançar.
Desde a Segunda ao Domingo,
Só parando pra dormir,
Carlos vendia panelas
Nas portas pra conseguir
Juntar uma grana e passar
Para si só trabalhar.
Pensava no seu porvir.
Com um ano e oito meses
Ao irmão-patrão falou
Que queria as suas contas,
Para isso argumentou:
Desejava trabalhar
Para si mesmo, tentar.
O seu irmão concordou.
Comprou seu primeiro carro,
Um fusca 72
Vermelho, e mercadoria...
Porém dois anos depois
De luta dura e constante,
Vem a ser representante
Do irmão, em luta a dois.
São mais três anos de luta
Que o leva a transitar
Pelo bairro onde reside,
O Caiçara. E a topar
Com alguém que ao seu coração
Encheu de terna paixão.
Nome? Maria Aguiar.
Alta, esguia e formosa,
Maria logo fisgou
O coração do ambulante
Que por si se apaixonou.
Por onde Carlos andava
No seu pensar sempre estava
Maria que o conquistou.
Anos oitenta inicia...
Um grande conhecedor
Do comércio atacadista
E sendo um bom vendedor,
Manteve um dos atacados
Enquanto outros Estados,
No varejo, conquistou.
Ainda no mesmo ano
Conseguiu financiar
Para vinte e cinco anos
Um lugar para morar.
Já possuindo automóvel
E agora também imóvel,
Já poderia casar.
Então, já não resistindo
Aos encantos de Maria
Em 82[vi], em março,
Dia 05, o grande dia!
Celebrou-se o casamento
Num simples belo momento
Que jamais esqueceria.
De Oitenta a Noventa e Cinco[vii]
Trabalhando sem parar,
No atacado e no varejo.
Decidiu-se por entrar
Numa nova atividade:
Agora em sociedade
Com Valdemiro e Itamar.
O comércio de panelas
Foi mesmo a motivação
Para o novo investimento
Com os irmãos em ação.
Na Economia um declínio
Há, e, com ela, o alumínio
Também sofre a repressão.
Fecharam a siderúrgica.
Porém Carlos cauteloso
Que era continuou
Com o seu negócio rendoso
E quando a fábrica fechou
Ele não desesperou,
Nem sequer ficou nervoso.
Com o dinheiro apurado
Decidiram por comprar
Uma fazenda no Norte
De Minas pra trabalhar.
Com a terra, a relação
Não fora cortada, então:
Era o batente enfrentar.
Anos noventa! O plantio
De mangueiras, pinheirais,
Coqueiros e cajueiros,
Focando forte, ademais,
Na produção do caju,
Com amêndoas à bangu!
E dos cocos nos coqueirais.
No ano 2007
Nasceu a ideia, afinal,
De descascar as castanhas
Que abalou no geral
Os pequenos produtores
Que receberam louvores
Pelo produto final.
A primeira produção,
100 quilos, foi transportada
No porta-malas do carro
Para ser negociada
Em BH, no mercado,
Sendo o negócio fechado
E mais outra encomendada.
O cliente admirado
Da qualidade e sabor
Do produto garantiu,
Usando todo o fervor:
- Compro toda a produção
Agora, e a partir de então.
Deixe pra mim, por favor!
Carlos ficou motivado
Com o que ouviu. Pensou:
- Eu vou montar uma fábrica
Para mim. E viajou
Logo depois de alguns dias
Já para estudar as vias
Daquilo que imaginou.
Foi para Serra do Mel
No Rio Grande do Norte,
Também para o Ceará
Para ter maior suporte.
Para melhor conhecer
De perto o como fazer
No seu todo, sem recorte.
Montou logo seu galpão,
Em seguida começou
O fabrico das amêndoas
Com sal, sem sal... Variou:
Diversas, carameladas...
As amêndoas são lançadas
E o mercado comprou.
A primeira produção,
De mil quilos, foi vendida
Com a ajuda de Maria
A sua esposa querida
Que é comunicativa,
Tem lábia, é muito ativa,
A vendedora aguerrida.
Em BH, no comércio,
Demonstrado seus produtos
Participando de feiras
E exposições. Tem bons frutos!
A sua marca fazendo
A procura vai crescendo
Mas carece de atributos.
Ou seja: a matéria prima
Começando a escassear!
Havia a necessidade
De fora dali comprar.
Sem matéria-prima à mão
Haveria retração.
Novos meios foi buscar.
No ano 2013
Veio pra Serra do Mel
No Rio Grande do Norte
Onde, num belo papel
De anjos, um casal lindo:
A Fátima e o Macrino,
Mostra o que é ser fiel
“Primo rico e prima rica”
Que poder-se-á dizer:
São “seus pés e suas mãos”!
Para quem bem entender.
E Carlos bem reconhece
Que esse casal merece
Seu eterno bem querer.
O terreno para a compra;
Apoio na construção
E na montagem da fábrica.
Sem o tal apoio, então,
O sonho se tornaria
Bem mais difícil. Seria
De muita complicação.
Tudo pronto! Transferiu
A fábrica de BH
Lá para a Serra do Mel,
No RN. Hoje está
Produzindo uns trinta mil
Quilos por mês. Com perfil
De que ainda crescerá.
Toda a família envolvida
Para a boa produção
A sua esposa e seus filhos,
Cada qual na profissão
Que escolheu para si.
Estão ali, de per-si,
Mostrando dedicação.
Saulo está na nutrição;
Maria representando;
Caio já na produção;
Bernard administrando.
Os três filhos e a mulher,
Todos juntos! Que mais quer
O nosso querido mano?
Tornou-se o “rei das castanhas”!
Coincidência ou destino?
Quem diria que o brinquedo
Do seu tempo de menino
Hoje, com toda a certeza,
Seria a sua riqueza...
O faria um “homem fino”!!
Como o bom filho retorna
Sempre à terra que o gerou,
Hoje nós nos encontramos
Festejando o que passou,
O presente e o futuro
Que, com certeza, asseguro,
O nosso irmão conquistou.
Os amigos e parentes
Do Rio Grande do Norte,
De Minas, do Ceará,
Que ele teve, por sorte,
De conhecer. Do RS
E São Paulo. Ele merece
Tudo de bom, sem recorte.
São os seus sessenta anos!
E suas irmãs vibrando
Com a decisão do seu mano
Vão logo lhe preparando
Uma singela homenagem,
Que se diga de passagem,
Ele não estava esperando.
Parabéns CARLOS DELMIRO
Por mais um ano de vida!
MUITA PAZ e MUITO AMOR,
Que o Bom Deus te dê guarida.
A ti, tua esposa e filhos,
SAÚDE, SUCESSO, BRILHOS!!
Nós ficamos na torcida.
P A R A B E E E E E E E E E É N S!!
Rosa Regis
Natal, 28 abril de 2017
www.rosaregispoetisa.netPOR SUA VIDA DE LUTA
(60 ANOS DE DIFICULDADES E DESAFIOS)
Meu Bom Deus, Pai de Bondade,
Eu vos peço inspiração
Para contar a história
De vida de um cidadão
Nordestino - um lutador
Que sempre mostrou amor
Pelo Sertão, seu torrão.
Seu nome CARLOS DELMIRO
É filho de Júlia Brás
E de Manoel Delmiro,
Um casal de muita paz!
Pobre, mas rico em bondade.
Seres onde a caridade
A sua morada faz.
Ele foi final de rama
Do casal de agricultores,
Seus pais, semianalfabetos,
Porém da vida doutores
De saberes que o Bom Deus
Deu aos dois para que aos seus
Servissem de professores.
Carlos nasceu em abril
Do ano 57[i]
Sendo 27 o dia
Ao que aqui se remete.
Já nasceu com privilégios,
Tendo alguns direitos régios
Que só a si lhe compete.
Tendo a sorte de nascer
Em uma maternidade,
A Senhora de Santana
Que ficava na Cidade,
A de Santana do Matos.
Eu afirmo que estes fatos
É pura realidade.
A parturiente foi
Levada no caminhão
Do Seu Zé Moura, que era
A “SAMU” da região,
Por uma estrada de barro,
Pedra miúda e piçarro.
A melhor na ocasião.
Chegando em casa o bebê,
Como sendo o mais novinho,
Recebeu de todo mundo
Dengos, cheiros e carinho.
Atenção especial
Foi dada pelo casal
Àquele ser miudinho.
Seus irmãozinhos ficavam
Em um buraco no chão
Para aprender a sentar.
Era o costume de então.
Para Carlos, com cuidado,
Foi logo um carro engendrado
Com caixote de sabão.
Quando se ia à cidade
E precisava leva-lo,
Tinha até bebê conforto
Para poder transporta-lo:
Era um caçuá forrado
Com pano velho rasgado,
Num jumento ou num cavalo.
Durante toda a infância
Foi muito, muito levado!
Mas sendo muito querido
Sempre foi paparicado.
Sendo da família o dengo,
O que vinha do seu quengo
Sempre se achava engraçado.
Se um pintinho pequenino
Pegava para brincar,
Puxava no seu pescoço
Acabando por matar
O mesmo. Mas, apanhavam
Os irmãos que só ficavam
Sem intervir, a olhar.
Brincadeira de curral
Era a sua preferida;
Os ossos de boi viravam
Boiada - criavam vida
Na cabeça criativa
Daquela criança ativa,
Inquieta e destemida.
Frutas do pereiro abertas
Transformavam-se em galinhas.
De pano ou espigas novas
Do milho, as bonequinhas.
Com o que Carlos brincava,
Quando parado ficava,
Com as suas irmãzinhas.
Faziam aniversários
Das bonecas com castanha
De caju. Teve uma infância
Livre, onde só quem ganha
É o ser que ao ser liberto
Persegue o caminho certo.
Da vida, assim, não apanha.
Falemos de como foi
Que ele aprendeu a andar
A cavalo. - Pra começo
Ele passou a domar
Um carneiro que tornou-se
Seu amigo - acostumou-se
Com o mesmo a lhe cavalgar.
Assim, pequenas viagens
No carneiro ele fazia.
Palestina e Curral Novo,
De um lado ao outro ele ia
Montando o seu companheiro
De aprendizado, o carneiro,
Também sua companhia.
A sua irmã Dagmar,
A professora local,
Foi a sua educadora
Já na fase inicial,
O Primário[ii], que ia até
A 4ª série. E, com fé,
Chegar ao Ginasial[iii].
Porém sua mãe, sonhando
Em transforma-lo em “doutor”,
Pagou aula de reforço
Demonstrando o seu amor:
Dona Bastinha, seguida
Pela Dona Margarida
Pra reforçar o teor.
Foi Carlos para a cidade
Pra poder continuar
Os estudos, com as irmãs.
Já começou se soltar!
Na praça à noite ficando
Até tarde, paquerando,
Nada a lhe preocupar.
Mas havia o Juizado
De Menores como tinha
Rafael Pinheiro, o primo,
Na equipe que o detinha
Antes que algo ocorresse
De mal ou que acontecesse
Alguma coisa daninha.
Se havia desconfiança
Que ele estivesse envolvido
Em qualquer coisa adversa
O caso era resolvido.
Tica ou Graça era avisada.
Não deixavam passar nada
Que envolvesse o “protegido”.
Sempre muito vaidoso,
Cuidadoso com a aparência,
Gostava de roupas limpas,
Bem passadas, de excelência...
Um rapazote levado
Mas que andava bem cuidado,
Merecendo reverência.
No ano 76[iv],
Já tendo o Ginasial,
Sua mãe logo tratou
De manda-lo à Capital,
Para ele continuar
Seus estudos, se formar.
Mas faltava-lhe o “real”.
Para poder se manter
Teria que trabalhar!
Seu cunhado Gilvan Gois
Logo tratou de ajudar:
Na Loja do Mini Preço
Do Tirol, por ter apreço
Ao mesmo, o pôs pra embalar.
Não se sentia à vontade
Quando se via obrigado
A empurrar um carrinho
De compras quando mandado
À casa dos seus parentes,
Por si, vistos diferentes.
Sentia-se envergonhado
Pois, vaidoso que era,
Não queria aparecer
A empurrar os carrinhos
De compras. Todo o seu ser
Sentia-se rebaixado,
Menor, diferenciado,
Quando queria crescer.
Ainda no mesmo ano,
Como já havia cortado
O cordão umbilical,
Mesmo se vendo afetado
Com o choro da mãe querida,
Decidiu por dar à vida
Novo rumo noutro Estado.
A mamãe que o apoiava
Em qualquer ocasião,
Querendo ver seu filhote
Dono da situação:
Crescer financeiramente,
Como pessoa..., consente,
Mas cheia de comoção.
Permite que Valdemiro[v],
Seu irmão, que vai lhe dar
Todo o apoio necessário,
O leve para morar
Consigo em Belo Horizonte.
Talvez ali fosse a fonte
Pra na vida se arranjar.
Com o irmão, primos e amigos:
Os irmãos Lúcios; Pereira;
Clóvis e Melo; morou
Um mês. Inda que não queira
Afirmar, Carlos Delmiro
Pensou: - Morar só prefiro.
“Estou marcando bobeira!”
Reservado e organizado,
Decidiu por morar só.
Foi mesmo a prova de fogo!
Mas desatou esse nó.
Aprendeu a cozinhar,
A lavar e a passar
Da camisa ao paletó.
Enfrentando as noites frias,
Tendo que se acostumar
Com a diferença de clima,
Sem parar pra descansar.
Trabalhando e estudando,
Um bom futuro almejando,
Na luta para alcançar.
Desde a Segunda ao Domingo,
Só parando pra dormir,
Carlos vendia panelas
Nas portas pra conseguir
Juntar uma grana e passar
Para si só trabalhar.
Pensava no seu porvir.
Com um ano e oito meses
Ao irmão-patrão falou
Que queria as suas contas,
Para isso argumentou:
Desejava trabalhar
Para si mesmo, tentar.
O seu irmão concordou.
Comprou seu primeiro carro,
Um fusca 72
Vermelho, e mercadoria...
Porém dois anos depois
De luta dura e constante,
Vem a ser representante
Do irmão, em luta a dois.
São mais três anos de luta
Que o leva a transitar
Pelo bairro onde reside,
O Caiçara. E a topar
Com alguém que ao seu coração
Encheu de terna paixão.
Nome? Maria Aguiar.
Alta, esguia e formosa,
Maria logo fisgou
O coração do ambulante
Que por si se apaixonou.
Por onde Carlos andava
No seu pensar sempre estava
Maria que o conquistou.
Anos oitenta inicia...
Um grande conhecedor
Do comércio atacadista
E sendo um bom vendedor,
Manteve um dos atacados
Enquanto outros Estados,
No varejo, conquistou.
Ainda no mesmo ano
Conseguiu financiar
Para vinte e cinco anos
Um lugar para morar.
Já possuindo automóvel
E agora também imóvel,
Já poderia casar.
Então, já não resistindo
Aos encantos de Maria
Em 82[vi], em março,
Dia 05, o grande dia!
Celebrou-se o casamento
Num simples belo momento
Que jamais esqueceria.
De Oitenta a Noventa e Cinco[vii]
Trabalhando sem parar,
No atacado e no varejo.
Decidiu-se por entrar
Numa nova atividade:
Agora em sociedade
Com Valdemiro e Itamar.
O comércio de panelas
Foi mesmo a motivação
Para o novo investimento
Com os irmãos em ação.
Na Economia um declínio
Há, e, com ela, o alumínio
Também sofre a repressão.
Fecharam a siderúrgica.
Porém Carlos cauteloso
Que era continuou
Com o seu negócio rendoso
E quando a fábrica fechou
Ele não desesperou,
Nem sequer ficou nervoso.
Com o dinheiro apurado
Decidiram por comprar
Uma fazenda no Norte
De Minas pra trabalhar.
Com a terra, a relação
Não fora cortada, então:
Era o batente enfrentar.
Anos noventa! O plantio
De mangueiras, pinheirais,
Coqueiros e cajueiros,
Focando forte, ademais,
Na produção do caju,
Com amêndoas à bangu!
E dos cocos nos coqueirais.
No ano 2007
Nasceu a ideia, afinal,
De descascar as castanhas
Que abalou no geral
Os pequenos produtores
Que receberam louvores
Pelo produto final.
A primeira produção,
100 quilos, foi transportada
No porta-malas do carro
Para ser negociada
Em BH, no mercado,
Sendo o negócio fechado
E mais outra encomendada.
O cliente admirado
Da qualidade e sabor
Do produto garantiu,
Usando todo o fervor:
- Compro toda a produção
Agora, e a partir de então.
Deixe pra mim, por favor!
Carlos ficou motivado
Com o que ouviu. Pensou:
- Eu vou montar uma fábrica
Para mim. E viajou
Logo depois de alguns dias
Já para estudar as vias
Daquilo que imaginou.
Foi para Serra do Mel
No Rio Grande do Norte,
Também para o Ceará
Para ter maior suporte.
Para melhor conhecer
De perto o como fazer
No seu todo, sem recorte.
Montou logo seu galpão,
Em seguida começou
O fabrico das amêndoas
Com sal, sem sal... Variou:
Diversas, carameladas...
As amêndoas são lançadas
E o mercado comprou.
A primeira produção,
De mil quilos, foi vendida
Com a ajuda de Maria
A sua esposa querida
Que é comunicativa,
Tem lábia, é muito ativa,
A vendedora aguerrida.
Em BH, no comércio,
Demonstrado seus produtos
Participando de feiras
E exposições. Tem bons frutos!
A sua marca fazendo
A procura vai crescendo
Mas carece de atributos.
Ou seja: a matéria prima
Começando a escassear!
Havia a necessidade
De fora dali comprar.
Sem matéria-prima à mão
Haveria retração.
Novos meios foi buscar.
No ano 2013
Veio pra Serra do Mel
No Rio Grande do Norte
Onde, num belo papel
De anjos, um casal lindo:
A Fátima e o Macrino,
Mostra o que é ser fiel
“Primo rico e prima rica”
Que poder-se-á dizer:
São “seus pés e suas mãos”!
Para quem bem entender.
E Carlos bem reconhece
Que esse casal merece
Seu eterno bem querer.
O terreno para a compra;
Apoio na construção
E na montagem da fábrica.
Sem o tal apoio, então,
O sonho se tornaria
Bem mais difícil. Seria
De muita complicação.
Tudo pronto! Transferiu
A fábrica de BH
Lá para a Serra do Mel,
No RN. Hoje está
Produzindo uns trinta mil
Quilos por mês. Com perfil
De que ainda crescerá.
Toda a família envolvida
Para a boa produção
A sua esposa e seus filhos,
Cada qual na profissão
Que escolheu para si.
Estão ali, de per-si,
Mostrando dedicação.
Saulo está na nutrição;
Maria representando;
Caio já na produção;
Bernard administrando.
Os três filhos e a mulher,
Todos juntos! Que mais quer
O nosso querido mano?
Tornou-se o “rei das castanhas”!
Coincidência ou destino?
Quem diria que o brinquedo
Do seu tempo de menino
Hoje, com toda a certeza,
Seria a sua riqueza...
O faria um “homem fino”!!
Como o bom filho retorna
Sempre à terra que o gerou,
Hoje nós nos encontramos
Festejando o que passou,
O presente e o futuro
Que, com certeza, asseguro,
O nosso irmão conquistou.
Os amigos e parentes
Do Rio Grande do Norte,
De Minas, do Ceará,
Que ele teve, por sorte,
De conhecer. Do RS
E São Paulo. Ele merece
Tudo de bom, sem recorte.
São os seus sessenta anos!
E suas irmãs vibrando
Com a decisão do seu mano
Vão logo lhe preparando
Uma singela homenagem,
Que se diga de passagem,
Ele não estava esperando.
Parabéns CARLOS DELMIRO
Por mais um ano de vida!
MUITA PAZ e MUITO AMOR,
Que o Bom Deus te dê guarida.
A ti, tua esposa e filhos,
SAÚDE, SUCESSO, BRILHOS!!
Nós ficamos na torcida.
P A R A B E E E E E E E E E É N S!!
Rosa Regis
Natal, 28 abril de 2017
(Rosa Regis Brincando com os Veros) – Recanto das Letras.
https://www.facebook.com/rosa.regis.90 (Rosa Regis)
E-mails: rosaregisdocordel@gmail.com
rosadocordel@hotmail.com
[i] Abril de 1957
[ii] Primário – 1ª à 4ª série do Ensino Fundamental
[iii] Ginásio – 1ª à 4ª série do Ginasial, depois; 5ª à 8ª série
do Ensino Fundamental
do Ensino Fundamental
[iv] Ano 1976
[v] Valdemiro (seu irmão) – é também conhecido como Delmiro
[vi] 02.03.1982
[vii] De 1980 a 1995
Rosa Regis (Rosa Ramos Regis da Silva), filha dos agricultores da terra alheia: Fortunato Ramos Regis e Maria Joaquina de Farias, paraibana do sítio Jerimum – Jacaraú-PB, é Bacharel em Economia e Filosofia (UFRN); Licenciada em Filosofia pela (UFRN), Professora de Filosofia no Ensino Médio pela SEEC-RN; poetisa/cordelista, sonetista e contista, membro da Assoc. Cultural Casa do Cordel - ACCC; da Assoc. Estadual de Poetas Populares - AEPP; da Academia Norte-Rio-grandense de Lit. de Cordel - ANLIC (pres. 2011-2014); da Academia de Trovas do RN - ATRN; do Mov. POETAS DEL MUNDO; da Soc. dos Poetas Vivos e Afins do RN - SPVA-RN e da União Brasileiras de Escritores no RN – UBE/RN; Livros publicados: POVAREJO EM DOBRO; FOLHETO DE QUEM APRENDE VIVENDO – Sabedorias do Povo do Sertão, (Prêmio Patativa do Assaré de Lit. de Cordel); Livros infantis: O TATU FILOSOFANTE e MIÚDA PENSA GRANDE; dezenas de folhetos de cordel de temas variados, inclusive infantis e filosóficos. 1º lugar: XIV FESERP; III Prêmio COSERN de Literatura de Cordel; 1º PRÊMIO SINDSAÚDE-RN, 2º Prêmio Lit. da Acad. Caruaruense de Lit.de Cordel e vários outros primeiros lugares com sonetos em diversas coletâneas e alguns poemas classificados em concursos de poesia.
Contatos:
www.rosaregispoetisa.net
(Rosa Regis Brincando com os Veros) – Recanto das Letras.
https://www.facebook.com/rosa.regis.90 (Rosa Regis)
E-mails: rosaregisdocordel@gmail.com
rosaregis3erres@yahoo.com.br
rosadocordel@hotmail.com
Celular: (84) 9-88875177
Rosa Regis (Rosa Ramos Regis da Silva), filha dos agricultores da terra alheia: Fortunato Ramos Regis e Maria Joaquina de Farias, paraibana do sítio Jerimum – Jacaraú-PB, é Bacharel em Economia e Filosofia (UFRN); Licenciada em Filosofia pela (UFRN), Professora de Filosofia no Ensino Médio pela SEEC-RN; poetisa/cordelista, sonetista e contista, membro da Assoc. Cultural Casa do Cordel - ACCC; da Assoc. Estadual de Poetas Populares - AEPP; da Academia Norte-Rio-grandense de Lit. de Cordel - ANLIC (pres. 2011-2014); da Academia de Trovas do RN - ATRN; do Mov. POETAS DEL MUNDO; da Soc. dos Poetas Vivos e Afins do RN - SPVA-RN e da União Brasileiras de Escritores no RN – UBE/RN; Livros publicados: POVAREJO EM DOBRO; FOLHETO DE QUEM APRENDE VIVENDO – Sabedorias do Povo do Sertão, (Prêmio Patativa do Assaré de Lit. de Cordel); Livros infantis: O TATU FILOSOFANTE e MIÚDA PENSA GRANDE; dezenas de folhetos de cordel de temas variados, inclusive infantis e filosóficos. 1º lugar: XIV FESERP; III Prêmio COSERN de Literatura de Cordel; 1º PRÊMIO SINDSAÚDE-RN, 2º Prêmio Lit. da Acad. Caruaruense de Lit.de Cordel e vários outros primeiros lugares com sonetos em diversas coletâneas e alguns poemas classificados em concursos de poesia.
Contatos:
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