Orgulho de pai.

Caminhei no infinito

A procura de mim mesmo

Eu sequer ouvi meu grito

Quando caminhava a esmo

Foi mais um passo perdido

E segui andando a esmo.

Eu vivia atormentado

Por desvio de valores

Apesar de empregado

Dependia de favores

Tudo que tinha guardado

Aumentava as minhas dores.

Imprudente e desonesto

Não queria trabalhar

Foi um erro manifesto

Querer muito acumular

Escondendo os objetos

Que exigia ao despachar.

O meu pai sempre dizia

Para eu me emendar

Mas da forma que eu vivia

Pouco ia adiantar

Na verdade o que eu queria

Era me locupletar.

Minha mãe aconselhava

Tinha medo do futuro

Quase sempre ela chorava

Por me ver cobrando juro

Porém dela eu caçoava

Dizendo eu não fico duro.

Mas um dia aconteceu

Eu fiquei desempregado

O meu mundo derreteu

Acabou o meu reinado

Tudo aquilo que era meu

Iria ser leiloado.

Vi meu pai sair chorando

Minha mãe a lamentar

Meus irmãos se afastando

Meu vizinho a me negar

Vi pessoas me olhando

Todas a me criticar.

Foi em vão eu protestar

Fui levado pra cadeia

Sem direito a reclamar

Vi que a coisa estava feia

Vi a policia chegar

Cada um com cara cheia.

Um soldado veio a mim

Disse que eu estava preso

Para mim chegava o fim

Ia carregar o peso

Que era pouco pra mim

Por ter deixado indefeso.

Descobri naquele instante

Ser o meu filho bastardo

Que ignorei bastante

Aumentei muito o seu fardo

Sua voz tonitruante

Mostrava alguém revoltado.

Nesse vai e vem da vida

Encontrei uma esperança

Descobri que a desdita

Poderá virar lembrança

E a culpa assumida

Vira a flor da tolerância.

Fui beber água na fonte

Para me dessedenta

Olhei para o horizonte

Pensei em recomeçar

Vi à frene a minha ponte

Que terei de atravessar.

Eu tentei mudar de vida

Vendo outros trabalhando

Mas eu vi uma descida

De uma pedra rolando

Eu pensei ser a parida

Mas a pedra foi quebrando.

Eu segui na minha estrada

Fui em busca do futuro

Como eu não tinha nada

Dormiria em canto escuro

E a lua iluminada

Me daria um lar seguro.

Fui falar com o meu pai

Que era um comerciante

Ele disse que não vai

Falar com ignorante

Disse que a casa cai

Quando ninguém a garante.

Eu pedi par me ajudar

A sair do atoleiro

Ele disse: vou pensar,

Mas não vou gastar dinheiro

O que tinha pra gastar

Entreguei ao carcereiro.

Foi assim que percebi

O meu pai a me olhar

No seu rosto eu descobri

Quanta dor sem reclamar

Eu a ele prometi

Vai de mim se orgulhar.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 22/04/2017
Reeditado em 22/04/2017
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