ODE À REBELDIA

Por Gecílio Souza

A vida é uma ousada aventura

O mundo é um campo aberto

O que é fisicamente distante

É metafisicamente perto

Os contrários se complementam

Num jogo ostensivo indireto

Tudo e todos se misturam

O natural, o racional, o objeto

O sagrado e o profano

Compartilham o mesmo teto

Eis que surge a cultura

Do mais forte e mais esperto

Construiu muros invisíveis

Sem vergalhões ou concreto

Feitos de crenças e valores

Legados do anacrônico projeto

Que o velho continente europeu

Com seu propóstito abjeto

Impôs aos quatro continentes

Sua religião, seu dialeto

Fora a Ásia e o Oriente

Algumas regiões, exceto

Conquistou, colonizou

E categuisou todo o resto

Nos deixou como herança

O código moral mais funesto

Ao qual faço oposição

E convicto o contesto

Os preceitos interditivos

Me têm como desafeto

Mesmo quando os observo

O faço criticamente inquieto

São muralhas segregadoras

Ditam o que acham correto

Sequestram o bem o mal

Prescrevem o errado e o certo

Satanizam a liberdade

Dos críticos do seu alfabeto

Demonizam o amor erótico

Condenam o prazer e o afeto

Vetam o sexo entre parentes

Objetando-o como incesto

Enjaulam a paixão e os desejos

“Bom” homem é o introspecto

Vêem os instintos com maus olhos

Dizem que tudo é incompleto

Mas os nossos sentimentos

São como leões no deserto

A natureza é mais potente

Do que códigos e decreto

Contra a hegemonia da moral

Sem dúvidas me manifesto

Amemos a quem quisermos

Culto ou analfabeto

Negro ou branco, tanto faz

Homo, hétero ou o ninfeto

Primo, tio, sobrinho e tal

Seja ostensivo ou discreto

Tudo é válido, tudo é bom

Se a atração cruza o trajeto

Com ou sem laço sanguíneo

O fundamental é ser honesto

Quando o bem estar é mútuo

Não importa vaia ou protesto

O “amor” solícito e livre

É o meu amor predileto

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 16/04/2017
Reeditado em 08/11/2019
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