O ÓDIO
Por Gecílio Souza
1) De todos os sentimentos
O ódio é o mais negativo
É ele o veneno da alma
O subproduto mais nocivo
Da estupidez de quem o carrega
E dele se torna cativo
O sofrimento no mundo
Do ódio é derivativo
Pois converte o ser humano
Em mero bípede vingativo
Escravo das psicoses
E do marketing agressivo
O insulto é seu alimento
O desdém seu aperitivo
Se atribui valor absoluto
O valor alheio é relativo
Do racismo e da homofobia
Sua mente é um macabro arquivo
O ódio necrosa o cérebro
Delinque o coração altivo
É uma mácula refratária
Que desconhece corretivo
Põe o ambiente em risco
Torna o mundo aflitivo
Por onde passa deixa a marca
Do discurso pejorativo
Seus fiéis portam no peito
Sua foto, seu adesivo
E o ódio se desfilando
Solícito e prestativo
Carregando em sua bagagem
Veda olhos e psiquico aditivo
Para entorpecer a consciência
Do seu seguidor afetivo
E na batalha do ódio
Somente o ódio sai vivo
2) O ódio é uma mortífera arma
Um revólver de dois canos
Um punhal de duas pontas
Que causa irreparáveis danos
O primeiro a cair morto
É quem o nutre nos planos
Pois o odiento é a presa
Dos próprios desejos insanos
Ameaça o seu entorno
Com os métodos mais levianos
O ódio se inoculou
Nos labirintos urbanos
Se tornou sangue que irriga
O coração de muitos fulanos
Que aos domigos lotam templos
Na semana são profanos
Defendem o extermínio dos negros
Gays, mulheres, índios e ciganos
O ódio turbina a guerra
Que ameaça todos os humanos
É um artefato nuclear
Nas mãos de pequenos tiranos
Homicida das regras morais
E dos valores éticos soberanos
Os prosélitos do ódio
São ambulantes vulcanos
São túmulos da própria miséria
Topeiras dos oceanos
Centrais da intolerância
Dos nazismos arianos
Réplicas modernas de Hitler
Maquiavélicos puritanos
Porém o antídoto do ódio
É a prudência dos veteranos