UMA REFORMA CONTRA O POVO
Miguezim de Princesa
I
Temer, que se aposentou novo,
Quando era quarentão,
Não tinha nenhuma prega,
Já gozava a mansidão,
Quer que os outros se aposentem
Com a bengala na mão.
II
Disse: - O povo brasileiro
Tem uma vida de excelência.
É preciso que se bote
As duas mãos na consciência,
Senão ninguém mais conserta
O rombo da Previdência.
III
- Esse modelo é antigo
De muitos anos atrás.
Hoje em dia o brasileiro,
Que tanto se satisfaz,
Tem de tudo o que precisa
E está vivendo demais.
IV
E fazem pouco menino,
Eita geração fraquinha!
Passam quase uma vida inteira
Pra fazer uma barriguinha,
E mincham os contribuintes,
A culpa é da camisinha.
V
- Apesar dos homicídios,
Que matam 60 mil,
O número de aposentados
É a pólvora do barril:
Ou corta pela metade
Ou eles quebram o Brasil.
VI
- E os grandes devedores?
Cobrar deles é um dilema.
Lá vem a esquerda cega
Remoendo esse problema,
Mexer com capitalista
É detonar o sistema.
VII
- Também não vamos mexer
Com a renúncia fiscal,
Senão o sócio da firma
É capaz de passar mal,
Nós não somos autofágicos
Pra matar o capital.
VIII
- O jeito é arrochar o povo,
(Vamos deixar de besteira!),
De onde a riqueza brota
Nesta Nação brasileira.
Quem quiser morrer tranquilo
Que trabalhe a vida inteira!
IX
-Com 49 anos
Dando contribuição,
Chegando a 65,
Considerado ancião,
Esconda a “aposentadura”
Na gaveta do caixão.
X
Professor, policial,
Esses terão atenção:
Professor sem enxergar
No quadro negro a lição
E a polícia com a bengala
Correndo atrás de ladrão.
XI
Quarenta e nove pagando
Se aposenta no Brasil,
Para dar sessenta e cinco
(Minha conta não mentiu)
Temos que legalizar
Todo trabalho infantil.
XII
Se levantem, brasileiros,
Contra o maldito pacote,
Querem afanar o povo,
Repetindo o mesmo mote!
Temer, cão chupando manga,
Quer passar na gente um trote,
Que a geladeira do pobre
Volte a ser o pé do pote
E o povo boi de canga
Pra montar em seu cangote!